Por Edilson Xavier*
Pelo
titulo do presente artigo, obviamente o leitor pensará que irei abordar
obras célebres como Vidas Secas, de Graciliano Ramos, Geografia da
Fome, de Josué de Castro e Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo
Neto, ou de outras que já abordaram a miséria secular da seca que
sempre assola o Nordeste, colocando os nordestinos na triste condição de
flagelados, adjetivo que era para está em desuso.
Não
se trata dos temas literários, mas com certeza, somos obrigados a
abordar esse difícil tema que é o flagelo da seca que agride e humilha
os nordestinos, sem qualquer distinção, desde que dependa da agricultura
para, pelo menos tentar sobreviver condignamente. Entretanto, o que nos
motiva escrever sobre o tema, é que quando somos assolados pela seca, a
primeira impressão que os Governos da União e dos Estados, nos causam, é
que estamos necessitando de ajudas alimentícias, como estivéssemos a
esmolar em busca de cestas básicas, e passamos a ser tratados como
verdadeiras levas de famintos, sem o mínimo respeito.
Esse
é o tratamento que nos proporcionam os governos de todas as esferas,
como se precisássemos de cestas básicas para nosso sustento a cada
período de seca. Nos primeiros sinais de estiagem, a sociedade e os
órgãos mal informados, partem na frente para recolher doações, como se a
seca e o problema do Nordeste fossem resolvidos com essas esmolas.
Não,
a região nordestina necessita há muito é de obras hídricas e de uma
politica de distribuição dos recursos hídricos, que têm o condão de
resolver definitivamente o grave problema dos efeitos da estiagem. O
fato assume mais gravidade, quando se depara com a paralisação da obra
da transposição das águas do Rio São Francisco, sem que nenhum órgão
governamental fale em seu reinício. Quem passa em Sertânia e Custódia se
depara com o triste espetáculo de abandono da obra que seria a redenção
do Nordeste, que, inclusive, foi objeto de mais uma promessa de
campanha eleitoral da então candidata Dilma, que em palanque elegeu a
obra como a redenção nordestina.
Puro
discurso eleitoreiro que rapidamente se transformou em verdadeiro
estelionato eleitoral, eis que a promessa da conclusão daquela obra que
granjeou a simpatia dos nordestinos, garantindo a eleição da presidente e
o que se vislumbra é o triste espetáculo da obra da transposição no
mais completo abandono, causando danos irreparáveis à União e a todos
nós. E o compromisso de campanha sequer assumido?
Esquecem
que Lula e Dilma pernoitaram em Rio da Barra, demonstrando simpatia
eleitoral com a causa e o inicio das obras. Mera e vã promessa. E eles
têm certeza que basta apenas a distribuição de cestas básicas para calar
os flagelados da seca. Engano d’alma ledo e cego, desculpando o toque
camoniano de metáfora.
Contudo,
o mais grave em tudo isso, é que o Ministro da Integração Fernando
Bezerra Coelho é de Pernambuco, e não externa nenhuma vontade quanto ao
reinicio das obras da Transposição. Os demais governadores do Nordeste,
nada cobram, e vivem no mais completo mutismo. A presidente Dilma foi a
Fortaleza inaugurar o novo estádio Castelão, e ainda não visitou as
áreas do Nordeste atingidas pela mais terrível seca em 50 anos. Também
visita eleitoreira não resolve.
A
lista é de 128 Municípios que enfrentam a maior seca. Precisamos ter
nos programas Águas para Todos e Irrigação para Todos e os governantes
precisam acordar, e, por sua vez, a estiagem não cochila, como fazem as
autoridades em todos os níveis. A seca produziu um prejuízo de R$ 16
bilhões em 2012 no Nordeste com as perdas da cultura de feijão e milho e
atividades que deixaram de ser desenvolvidas em função do plantio e
colheita desses grãos. A ausência de obras que criem política de
recursos hídricos, contribuem para o aumento da desigualdade social que
grassa nos bolsões de miséria e nos Estados mais atrasados. A solução
não é a distribuição de cestas básicas que trazem apenas mais
humilhação.
*Edilson Xavier é advogado, foi presidente da Câmara Municipal e da OAB de Arcoverde.
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Nill Júnior
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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
ARTIGO : ESMOLAS DA SECA
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