Nos últimos vinte anos, 57 surfistas e banhistas que se aventuraram no mar aberto foram atacados por tubarões em Pernambuco – 21 morreram. O risco de ataque ocorre nos 34 quilômetros de praia situados entre Olinda e o Cabo de Santo Agostinho. As placas advertem: banho seguro só no trecho protegido pelos arrecifes. O medo se espalhou ao ponto de um grupo de pessoas combinar pela internet estratégias para prevenir novos ataques. O movimento incentiva a captura dos animais e fornece material para os pescadores, além de recompensas em dinheiro.
Um vídeo gravado pelos integrantes do movimento, que se chama Propesca, mostra o lançamento de espinhéis ao mar. Eles já doaram seis linhas de até um quilômetro, cheias de anzóis próprios para a pesca do tubarão. Um pescador aliado do movimento ganhou R$ 360 e uma cesta básica ao fisgar um tubarão. O movimento, formado por engenheiros de pesca, biólogos e médicos, defende também a instalação, ao longo de 16 quilômetros do litoral, de uma tela de aço galvanizado, um espécie de alambrado, com sensores que afugentem os tubarões.
Praia
de Boa Viagem, no Recife, está situada no trecho de 34 quilômetros do
litoral pernambucano onde há risco de ataque (Foto: Reprodução/TV Globo)
“O Propesca tem o objetivo prioritário de defender as vidas humanas. A
partir do momento em que forem instalados, implantados os sistemas de
segurança que nós propomos, nós cessamos todas as ações de captura”, diz
Bruno Pantoja, coordenador do Propesca.O bacharel em Direito Charles Heitor Pires perdeu as duas mãos num ataque há catorze anos e se uniu ao grupo. “Eu queria contribuir com alguma coisa, com o Propesca, eu achei interessante a proposta que eles têm de implantação das redes de contenção aqui no Recife”, afirmou.
Contra
Mas os ambientalistas não concordam com os métodos do Propesca. Pesquisadores do comitê estadual que monitora incidentes com tubarões, o Cemit, e da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) fazem um trabalho de prevenção dos ataques. Segundo os estudos, o tubarão é atraído para as praias a partir de mudanças ambientais que teriam sido provocadas pela construção do porto de Suape, a 57 quilômetros do Recife.
“A atividade de pesca é prevista para determinados fins, mas não para resolver problemas ambientais e não com premiação. Isso não é atividade, não há licença, ninguém tem licença pra fazer isso que não seja o poder público”, argumenta Rosângela Lessa, presidente do Cemit.
O Cemit acionou a Delegacia do Meio Ambiente, que, por sua vez, pediu ajuda ao Ministério Público. O caso está sendo analisado.
G1 Pernambuco
Nenhum comentário:
Postar um comentário