Mesmo
melhorando um pouco as condições de temperaturas do Oceano Atlântico
Sul agora no início de Fevereiro, eu, Rodrigo Cézar Limeira, formado em
Física e em Meteorologia e Mestre em Meteorologia mantenho minhas
previsões, as quais foram divulgadas no início de Janeiro deste ano no
Programa Espinharas Notícias.
Agora no
início de Fevereiro, o Atlântico Sul na altura da costa do Rio Grande do
Norte, Paraíba e Pernambuco encontra-se levemente aquecido (com desvios
de temperaturas entre 0,5°C e 1°C acima do normal), a exemplo do que
aconteceu entre 10 e 20 de Janeiro quando o Atlântico nesta região se
encontrava na mesma situação.
A partir
de 20 de Janeiro as águas do citado oceano voltaram a se resfriar,
mantendo-se frias até 02 de Fevereiro. A partir desta data o Atlântico
voltou a esquentar levemente até a data de hoje 10 de Fevereiro.
Essa
instabilidade é mau indicativo para as chuvas deste ano, não só no
semiárido paraibano que corresponde ao cariri, sertão e alto-sertão do
estado, mas também para o semiárido de Pernambuco, Ceará, e norte Piauí e
do Maranhão, estas áreas que correspondem ao setor norte do nordeste
serão alvo de seca em 2013, já que a estação chuvosa nas referidas áreas
ocorre geralmente de Fevereiro a Maio, e é provocada pela atuação da
Zona de Convergência Intertropical, que é um sistema meteorológico cuja
atividade depende do aquecimento do Oceano Atlântico Sul no referido
período, para que ocorram chuvas em boa quantidade nessas áreas.
Quanto mais quente estiver o Atlântico Sul e mais frio estiver o
Atlântico Norte entre Fevereiro e Maio, mais chuvas ocorrem no interior
dos citados estados.
Agora em 2013 a tendência é de chover pouco. As principais chuvadas na
região ocorrerão conforme já divulgei nos meses de Janeiro e Fevereiro,
sendo o trimestre Março, Abril e Maio muito ruim para chuvas na região, e
toda a conjuntura muito semelhante a de 2012.
A prática da agricultura está descartada para a região este ano, e caso
as chuvas não caíam num curto espaço de tempo, os reservatórios serão
comprometidos. As chuvas deverão oscilar entre 50% e 70% abaixo da média
neste ano nas microregiões do cariri, sertão e alto-sertão da Paraíba.
Várias cidades do cariri, sertão e alto-sertão da Paraíba poderão ficar sem água em 2013
A umidade
do ar ao longo de 2013 deverá ficar abaixo da média, fato que prejudica
muito os reservatórios de água, pois quando a umidade do ar está abaixo
do normal, a evaporação aumenta significativamente e fica acima do
normal.
De acordo com estudos realizados, a lâmina de água que evapora por ano
no semiárido paraibano chega a 3,5 m, e em anos de seca forte essa
lâmina pode alcançar os 4 m. Isso significa que a perda de água por
evaporação é muito grande, além claro da infiltração e do consumo por
parte dos grandes contigentes populacionais.
Diante de
um cenário ruim para chuvas em 2013, muitas cidades do semiárido
paraibano poderão ficar sem água, e isto já é uma realidade. Segundo a
AESA (Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba),dos
121 grandes reservatórios monitorados pela instituição, 25 estão em
observação (com menos de 20% de seu volume de água) e 11 em situação
crítica, ou seja com menos de 5% de seu volume de água, ainda de acordo
com os dados disponibilizados no site da entidade, há 77 reservatórios
com volume armazenado maior que 20%.
Com a
seca de 2013, essa situação pode piorar, já que cidades como Sousa por
exemplo não estão fazendo racionamento de água, mesmo com o reservatório
de São Gonçalo tendo apenas 22,6% de sua capacidade máxima que é de
44.600.000 m3 de água. Em Cajazeiras, o Açude Engenheiro
Ávidos está com apenas 13,5% de sua capacidade máxima de armazenamento
que é de 255.000.000 m3 de água, o outro reservatório que
abastece a cidade, a Lagoa do Arroz, está com apenas 21,1% de sua
capacidade máxima que é de 80.220.750 m3 de água.
Em Patos, a situação é melhor dévido ao Açude de Coremas, cuja capacidade máxima é de cerca de 720.000.000 m3
de água e se encontra atualmente com 40,9% de sua capacidade. A
Barragem da Farinha está quase seca, com apenas 5,1% de sua capacidade
máxima que é de 25.738.500 m3 de água. O Jatobá também está prestes a secar, pois se encontra com apenas 8,1% de sua capacidade máxima que é de 17.516.000 m3, a Barragem de Capoeira tem atualmente 21,1% de sua capacidade máxima que é de 53.450.000 m3 de água.
A
situação é mais crítica em cidades de menor porte como por exemplo
Teixeira, neste município, três dos quatro reservatórios de água
secaram, apenas o Açude Riacho das Moças ainda não secou, e possui
atualmente cerca de 16,7% de armazenamento de água.
Em Catingueira, a situação também é crítica, já que o Açude Cachoeira dos Cegos que tem uma capacidade máxima de 71.887.047 m3, está com apenas 22% de armazenamento.
Em Imaculada, o Açude Albino que tem uma capacidade máxima da ordem de 1.833.955 m3, está com apenas 8,8% de armazenamento de água.
Dessa
forma, é preocupante a situação dos mananciais de água do estado da
Paraíba com a seca que se aproxima, e a saída mais viável e urgente
atualmente é a transposição do Rio São Francisco, que será a alternativa
salvadora para o semiárido paraibano, e em se confirmando o término
desta grande obra em 2014, o povo do interior da Paraíba poderá em fim
respirar mais aliviado.
Rodrigo Cézar Limeira
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