O pastor que preside a Comissão de Direitos Humanos definitivamente não conhece o decoro exigido pelo cargo de deputado federal.
Ao afirmar que antes dele a dita comissão da Câmara dos Deputados era comandada por satanás ultrpassou qualquer limite.
Além do conteúdo “religioso” ou do tom fanático e provocativo – usado
para polemizar e reafirmar os “dogmas” da sua igreja -, o discurso do
pastor é uma afronta à democracia, à política.
Há uma mistura insana de leis de Deus (o deus lá dele) com as leis que regem o Parlamento.
Esse senhor, ainda que tenha sido eleito democraticamente, não tem salvo-conduto para agir acima da lei.
Contra isso, é preciso reagir. Mas reagir sem entrar no jogo do bem x
mal ou no maniqueísmo de “evangélicos” contra não evangélicos.
O pastor não deve e não pode trazer sua crença para o Congresso.
Se quiser pregar, que se limite aos seus templos.
O Parlamento não é sede da igreja do avivamento, de assembleias ou universais da vida.
Muito menos tribuna para que esse pastor se posicione como se tivesse posse da verdade absoluta, num culto à arrogância extrema.
Aliás, arrogância é, infelizmente, o que sobra na conduta dos neopentecostais representados deputado do PSC.
Com raras exceções, estão sempre julgando, condenando, se sentindo
superiores (se dizem salvos) e querendo converter quem tem credo
diferente.
Por trás da soberba, uma máquina que arrecada milhões junto aos fiéis se movimenta.
Obviamente, vivem uma realidade bem distanciada do amor ao próximo
que regeu a vida do Jesus seguido por boa parte da humanidade.
Dito isso, segue abaixo matéria da Folha de S. Paulo sobre a reação dos ex-presidentes da comissão ao que pensa o pastor. Confira:
A declaração do deputado Marco Feliciano (PSC-SP) não foi bem
recebida por ex-presidentes da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
Para a deputada federal Manuela D´Ávila (PC do B-RS), que
presidiu a comissão em 2011, o discurso do colega reforça a tese de que
ele não pode ocupar a presidência.
“Mais uma vez, ele mostra desequilíbrio, inclusive emocional,
para presidir uma comissão. É um cargo que exige parcimônia, respeito”,
disse a deputada.
“Ao mencionar que, antes dele, Satanás ocupava esse lugar,
indiretamente atinge os ex-presidentes. O deputado mostra que não tem
condições de ser o presidente”, afirma Manuela.
A deputada federal Iriny Lopes (PT-ES), que dirigiu a mesma
comissão em 2010, repudiou de maneira enfática a fala de Feliciano. Para
ela, o deputado é um “vexame” e “empobrece o parlamento”.
“Esse pastor é um ridículo. É um
vexame e deveria se mancar e não expor à Câmara ao ridículo. Isso não é
polêmica [as declarações do pastor]. É um retrato dele. Uma pessoa sem
conteúdo. Está jogando para a plateia, para aparecer para a sua base e
fazer campanha para 2014. É um desqualificado. Não entende que o
Congresso é uma casa de representação.”
Segundo ela, o PT, que tradicionalmente comandava a comissão e
abriu mão de sua diretoria este ano, não pode ser responsabilizado pela
ascensão do pastor ao cargo de presidente da Comissão de Direitos
Humanos.
“Onde está escrito que um partido tem de presidir a vida toda uma
comissão? Não se pode imputar esta situação ao PT. A responsabilidade é
de todos os partidos”, disse.
Antecessor de Feliciano no cargo, Domingos Dutra (PT-MA) também
criticou a declaração. “Cada vez que fala, ele se encrenca. Ele ofende
os demais colegas”, disse.
Dutra afirmou que vai consultar outros colegas para saber da
possibilidade de entrar com uma representação contra o pastor no
Conselho de Ética por causa das declarações dele.DIÁRIO DE PE
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