quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Casal alega ter usado "boa-fé" no batismo da menina M.A.

Esteticista e piloto de avião batizaram menina
com nome falso. Foto: Edvaldo Rodrigues/DP/D.A Press
Esteticista e piloto de avião batizaram menina com nome falso. Foto: Edvaldo Rodrigues/DP/D.A Press
A esteticista carioca e o piloto norte-americano suspeitos de falsidade ideológica no processo de batismo da menina M.A., que estava sob a guarda provisória dos dois, prestaram depoimentos na tarde de ontem. Aparentando nervosismo, o casal chegou à Delegacia do Varadouro sem falar com a imprensa. De acordo com a delegada Andréa Melo, a carioca evidenciou, a todo tempo, que agiu de boa-fé ao informar um nome diferente da menina no registro do batistério. A madrinha da criança, a advogada Giovana Uchoa, também suspeita de participação no suposto crime, está em São Paulo. O depoimento dela ainda não foi marcado.

Uma denúncia da Promotoria da Infância e Juventude de Olinda revelou que o casal e a madrinha teriam ido à Paróquia de São José, em Casa Caiada, Olinda, para batizar a criança, em 19 de junho, sem apresentar o registro de nascimento dela. Segundo o padre José Severino da Silva, eles teriam alegado que esqueceram o documento e, como o pároco conhecia Giovana, permitiu que o registro fosse feito. Na ocasião, o casal apresentou outro nome e sobrenome para a criança. “A esteticista afirmou que a igreja não teria solicitado a certidão, por isso ela acreditou que a informação era indiferente. Como, vez por outra, a mulher já usava o nome que ela pretendia colocar na criança quando conseguisse adotá-la, não imaginava que teria problema”, disse a delegada.

Os depoimentos duraram quase três horas. O piloto contou com um intérprete. Segundo a defessa, o casal estava em Miami e chegou ontem ao Recife. Amanhã à tarde, o padre deve ser ouvido. Também prestarão depoimento nesta semana dois funcionários da igreja. O padrinho da criança, marido de Giovana, será convocado. “É prematuro afirmar se eles serão indiciados”, afirmou Andréa Melo.

Os três começaram a ser investigados após denúncia de irregularidades no processo de adoção ter sido publicada pelo Diario. A promotoria apontou que a juíza da Vara da Infância e Juventude de Olinda, Andréa Calado, favoreceu o casal, que vive nos Estados Unidos e não faz parte do Cadastro Nacional de Adoção. Também denunciou que houve tráfico de influência envolvendo Giovana, filha do presidente da Assembleia Legislativa A Corregedoria Geral de Justiça deve concluir até a próxima semana as investigações sobre as acusações feitas contra a magistrada.


Uma semana com novos pais
Completa hoje uma semana que a menina M.A., de um ano, vive com uma nova família em Olinda. A criança foi entregue pelo casal que estava com a guarda provisória dela no último dia 2, pondo um ponto final no processo que gerou a queda de braço entre a promotoria da Infância e da Juventude de Olinda e a juíza Andréa Calado. Em menos de 24 horas, M.A. teve o primeiro contato com os pretendentes a pais que faziam parte da lista de espera por estarem aptos a participarem de um processo de adoção. Após conhecê-la, eles aceitaram ficar com a menina, conseguiram a guarda e passaram a morar juntos. Caso a adaptação seja positiva, a adoção poderá ser efetivada em apenas 30 dias.

Devido à repercussão do caso, o casal atual, por enquanto, não quer se pronunciar sobre a convivência com a menina. Durante o período que passar com M.A., a família será acompanhada pela equipe técnica da Vara da Infância e Juventude de Olinda, que será responsável por emitir parecer positivo ou não quanto à possibilidade de a adoção ser autorizada pela Justiça. O Ministério Público, nestes casos, também precisa se posicionar favoravelmente. Se necessário, o tempo de convivência monitorada pode ser ampliado até que a equipe técnica tenha a certeza de que a família está apta a cuidar da criança da melhor forma.

A carioca e o norte-americano chegaram a passar quase três meses com a menina. Funcionários da Vara denunciaram a magistrada à corregedoria alegando que foram obrigados a emitir parecer favorável a eles.
DIÁRIO DE PE

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