As exportações pernambucanas despencaram 41% este ano. Um baque
histórico para os últimos 13 anos. Entre janeiro e outubro, empresas do
Estado venderam US$ 464 milhões a menos para o exterior. É fato que, no
mesmo período de 2012, pela primeira vez foi comercializada uma
plataforma de petróleo para o mercado internacional, a P-55, produzida
pelo Estaleiro Atlântico Sul (EAS) e adquirida pela Holanda. Sozinha,
respondeu por US$ 469 milhões. Isso explica boa parte da queda. Porém,
produtos tradicionais da pauta pernambucana de exportações como açúcar,
uvas, mangas, borracha, lagostas, cerâmicas e alumínio também
registraram curva descendente.
O que ocorre em 2013 é uma
conjunção de fatores isolados, mas que apontam para mudanças na
estratégia comercial de diversos segmentos exportadores.
Estruturalmente, apesar do solavanco no meio do ano, o que mais afetou
as vendas internacionais foi o câmbio. Em janeiro, o dólar chegou a R$
1,99. Como os contratos são fechados com antecedência de meses, o ano se
desenhava desinteressante.
Especificamente, o setor
sucroalcooleiro foi duramente atingido pela seca e exportou cerca de 220
mil toneladas a menos. Uma das consequências da produção 25% menor.
Porém, enquanto a queda foi mais intensa para o açúcar do tipo VHP, de
aproximadamente 34%, vendido a granel por US$ 395 a tonelada, as vendas
por contêineres do açúcar tipo refinado, de maior valor agregado (US$
469/tonelada), sofreram menos: redução de 18%. A operação amplia a
margem de lucro em mais US$ 10 por tonelada. E permite a inserção em
novos mercados, como Argélia, Nigéria e Venezuela.
“O açúcar
refinado já representa 37% de todos os embarques de contêineres que saem
de Suape. No ano chega a 135 mil toneladas de açúcar refinado, que é um
número significativo. Já são 17% das exportações de açúcar”, ponderou o
presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de
Pernambuco, Renato Cunha.
Os produtores de uva (-8,80%), desde o
crash de 2008, intensificaram o trabalho comercial junto ao consumidor
interno, especialmente da uva sem semente. Mas o problema crucial no
Estado é que a fruticultura enfrenta dificuldades logísticas para
exportar por Pernambuco, com Suape “congestionado”, optando assim por
portos cearenses (Pecém e Fortaleza) e baianos (Salvador).
No
caso das mangas (-7,36%), comenta o presidente da Associação dos
Produtores e Exportadores de Hortifrutigranjeiros e Derivados do Vale do
São Francisco (Valexport), José Gualberto, se trata de uma oscilação
comum. Em 2013, a concorrência com frutas equatorianas e mexicanas
incomodaram as vendas pernambucanas.
As baterias de veículos
produzidas pelo grupo Moura, que até setembro registravam queda de 7,45%
nas exportações, passaram a atender o seu principal mercado, o
argentino, através de uma fábrica instalada naquele país. “Já
esperávamos essa queda. Os próximos dois anos serão marcados por esse
processo de transição”, explica a diretora-executiva da Bateria Moura
Argentina, Elisa Correia.JORNAL DO COMERCIO
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