Uma das últimas fotos de JFK, poucos minutos antes de ser assassinado.
Walt Cisco, Dallas Morning News;
Rico, charmoso, conquistador e presidente da nação mais poderosa do planeta. Em 1963, John Fitzgerald Kennedy era o cara: tinha contornado a Crise dos Mísseis em Cuba (e assim, livrado o mundo de uma guerra atômica), defendia a igualdade de direitos civis e investia forte no programa espacial que levaria o homem (um americano, claro) à Lua anos mais tarde. Mas tudo isso acabou com dois disparos de rifle, que sujaram de sangue uma bela tarde de sol de 22 de novembro, na cidade de Dallas, no Texas.“O assassinato de Kennedy causa tanta comoção e controvérsia até hoje pela forma como aconteceu. Ele era um superstar na época e foi morto na frente das câmeras de todos os jornais e TVs”, acredita Joanisval Brito Gonçalves, doutor em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UnB). O fato de não ter completado seu primeiro mandato, e de ter morrido no auge da sua popularidade, deu a JFK uma aura quase mística no imaginário americano. “Ele é colocado quase que no mesmo patamar de figuras como Abraham Lincoln e Ronald Reagan”, completa Gonçalves.
A ida de Kennedy para o Texas foi combinada meses antes, numa reunião com o vice-presidente Lyndon B. Johnson e o governador do Texas, John Connally. A ideia era impulsionar a candidatura do presidente à reeleição através de um tour pelo Estado ao lado do senador Richard Yarborough, e assim unificar o Partido Democrata. “Kennedy trazia em si uma ideia muito forte de renovação, modernidade. Ele representou uma quebra na linha de presidentes dos Estados Unidos no século 20. Era católico e descendente de irlandeses, num país com tradição protestante e anglo-saxã, e era bem mais jovem do que seus antecessores Harry Truman (61 anos) e Dwight Eisenhower (63). JFK tinha 44 anos quando foi empossado”, explica o professor da UnB.
A carreata do presidente por Dallas foi planejada para que Kennedy tivesse o máximo de exposição possível, enquanto desfilava de carro aberto pelas ruas da cidade. “Embora os EUA já tivessem um histórico de presidentes assassinados, como foi o caso do próprio Lincoln, a segurança se limitava a acompanhar a limusine presidencial e protegê-lo de ataques a curta distância”, afirma o historiador Vitor Izecksohn, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Essa exposição, além do fato da rota ter sido divulgada nos jornais dias antes, facilitou a vida do homem que viria a tirar a vida de JFK, Lee Harvey Oswald. “As pessoas têm dificuldade em aceitar que um maluco com uma arma foi capaz de matar o presidente. Mas a verdade é que Oswald era um ótimo atirador e a partir do ponto que escolheu, tinha uma visão limpa do alvo”, conta Izecksohn.
SUSPEITOS
Essa foi a mesma conclusão da Comissão Warren – montada pelo sucessor, Lyndon B. Johnson, para investigar o assassinato. O apelido vem do nome do chefe da comissão, Earl Warren. Depois de quase um ano de investigações, os promotores afirmaram que tanto Oswald quanto Jack Ruby (um dono de boate texano com ligações com a máfia que matou Oswald poucos dias depois da morte de Kennedy) agiram sozinhos. “Todos os promotores que investigaram o caso eram jovens e estavam ávidos por conseguir meios para impulsionar suas carreiras. Se houvesse algo de conspiratório no assassinato de JFK, certamente eles tornariam público – mas para promover a si próprios”, acredita Izecksohn.
Para Gonçalves, o fato de o assassinato ter acontecido no auge da Guerra Fria, e de Oswald ter sido morto sem tempo de dar muitas repostas, vêm alimentado as teorias da conspiração ao longo dos anos. “Nunca ficou claro para o público o que realmente motivou a ação de Oswald. Ele tinha algumas ligações com Cuba e com a União Soviética, o que levantaram suspeitas, mas nada foi provado. Ao mesmo tempo, Kennedy dava sinais de que diminuiria a participação americana na Guerra do Vietnã, contrariando os militares e a indústria de armamentos. Além disso, JFK e seu irmão Robert eram fortes repressores do crime organizado, fato que aliado ao envolvimento de Ruby com a máfia também os coloca no radar”, lista o professor da UNB.JORNAL DO COMERCIO
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