quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Novos casos contra cirurgião que operou a empresária Fernanda Nóbrega

A mãe de Simone, Maria do Socorro (e), a tia Conceição e o pai Gilson inconformados. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

A divulgação do resultado do inquérito policial sobre a morte da empresária Fernanda Patrícia Nóbrega e o indiciamento do cirurgião Gustavo Menelau por homicídio culposo levaram outras famílias que se dizem vítimas do médico a procurar a delegada Maria Helena Couto Fazio, que conduziu as investigações sobre a cirurgia bariátrica mal-sucedida de Fernanda. Duas famílias entraram em contato com a delegada para relatar casos semelhantes. A técnica de enfermagem Maria do Socorro Monteiro, 63 anos, decidiu trazer à tona um caso semelhante, ocorrido em julho de 2009. Segundo ela, a filha, a pedagoga Simone Patrícia Ferreira, morreu aos 37 anos depois de ser aconselhada a engordar 10 kg para a redução do estômago.

Simone pesava 78 kg e tinha 1,68 m de altura. O plano de saúde não autorizou a gastroplastia: a paciente não apresentava obesidade mórbida. “Mesmo assim, ela engordou 10 kg. Comia sem parar e tomava muito refrigerante para atingir o peso necessário. Depois, recorreu à ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) para que o plano autorizasse a redução de estômago”, lembra a mãe.

No mesmo dia do procedimento cirúrgico, num dos quartos do antigo Hospital Santa Clara, onde a cirurgia foi feita, Simone se queixou de quentura por dentro do corpo e muito frio por fora. “Procuramos os médicos do hospital, que tentaram contato com o médico responsável pela redução do estômago. Na época, disseram que ele estava fazendo outra cirurgia e não atendeu”, diz Socorro. A pedagoga chegou a ser encaminhada à UTI e passou por outra cirurgia, mas não resistiu. Pela certidão de óbito, ela morreu em decorrência de “choque hipovolêmico, coagulação intravascular disseminada, distúrbio de coagulação e obesidade arterial”.

Os pais de Simone afirmam que a filha não fez nenhum exame pré-cirúrgico. “O médico disse que podia aproveitar exames cardiológicos e de sangue feitos seis meses antes”, disse o pai, o professor aposentado Gilson Silva, 66. Após a morte, ele chegou a reivindicar o prontuário da filha. “No documento faltavam informações. Fui ao Cremepe (Conselho Regional de Medicina em Pernambuco), mas disseram que estava tudo certo. Desistimos de levar o caso adiante. Estávamos muito abalados. Agora, com a divulgação desse caso, decidimos procurar o conselho novamente e entrar em contato com a delegada”, explica o pai.

Segundo a delegada Maria Helena Couto, os casos semelhantes só poderão ser investigados por ela se os hospitais onde as mortes aconteceram estiverem localizados na área de abrangência da Delegacia da Joana Bezerra. Procurado pelo Diario, o Cremepe informou que não poderia fornecer dados sobre o histórico do médico, para preservá-lo. Uma sindicância sigilosa sobre a morte de Fernanda Patrícia está sendo realizada pela entidade. A investigação será concluída em 60 dias, podendo ser prorrogado por mais 60
.DIÁRIO DE PE

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