Saulo e Davi deitam e rolam na casa nova

O desgastado relógio de ponteiros de Karine Ramos de Medeiros, 26 anos, marcava 11h57. Com os gêmeos Davi e Saulo, ela subiu três degraus até chegar à porta de sua mais nova morada. A alegria era tanta que as lágrimas não puderam ser contidas. Uma espécie de retrospectiva veio à tona: lembrou do dia em que recebeu a notícia que os bebês eram siameses, da chegada dos expansores, da cirurgia de separação. “Foram sete meses de muita fé em Deus e esperança”, contou a manicure. A família foi acolhida pela Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos que os transferiram para uma casa no Janga, em Paulista, onde ficarão até receberem uma moradia definitiva. A Companhia de Habitação e Obras articula a inclusão da família no Programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal. Agora, o endereço provisório da felicidade é a Rua Severino Dias Ferreira, número 15.

A família deixou para trás a velha vida e a casa (de dois cômodos, apenas) no Alto Santa Terezinha, Zona Norte do Recife. Na nova residência, que tem sala, cozinha, dois quartos e dois banheiros, Davi e Saulo e os outros dois irmãos, João Victor e Zeus, vão poder desfrutar de um bom espaço à sombra das mangueiras. “Meus filhos vão poder brincar num lugar mais digno. Esse sempre foi meu sonho”, disse Karine.

Davi e Saulo, que completam oito meses na segunda-feira (13), compartilhavam o fígado e o músculo do diafragma. No dia 17 de dezembro, passaram pelo procedimento de separação anatômica e funcional. A cirurgia de separação dos bebês durou quatro horas e 22 minutos e contou com a participação de 24 profissionais.

Como os gêmeos ainda estão em período de tratamento, Karine vai contar com a ajuda do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) para levá-los ao Instituto de Medicina Integral (Imip) a fim de dar continuidade às sessões de fisioterapia. Já foi providenciada creche para todos. A família também vai ser cadastrada no Bolsa Família.

A família vem se mantendo com a ajuda de doações, mas vai doar para outras pessoas as 150 latas de leite que estavam guardadas. “A gente tá dando tudo para o Imip. Isso não vai ter mais urgência de uso porque mudou o tipo de leite consumido pelos gêmeos”. Durante as etapas anteriores e posteriores à cirurgia, Davi e Saulo receberam apoio de muita gente, através de donativos. “Quero agradecer a todo mundo que me ajudou e continua ajudando. 2013 ficou para trás e só veio coisa boa em 2014”, completou a mãe, emocionada.DIÁRIO DE  PE