O Comando Militar do Exército (CMNE) instaurou um procedimento
administrativo para apurar as circunstâncias da morte do soldado Victor
Fernandes de Arruda, 19 anos. Familiares afirmam que o soldado faleceu
por não receber tratamento adequado da corporação e do Hospital Militar
da Área do Recife (HMAR) após cair de uma altura de seis metros em
Aldeia, Camaragibe, durante treinamento. O acidente aconteceu
quinta-feira passada e Victor morreu nessa segunda-feira, sendo
enterrado ontem.
Enquanto esperava a liberação do corpo do filho,
a dona de casa Giselda Fernandes cobrou da polícia e do Exército
investigações profundas. Na Polícia Civil, o caso está sob
responsabilidade Delegacia da Várzea. “Dei meu filho vivo ao quartel e
ele me deu morto”, desabafou. O sepultamento ocorreu no Cemitério
Memorial Guararapes, em Jaboatão.
Victor estava há dois meses no
Exército e o treinamento do qual participava era para receber o título
de 2º soldado, o que lhe deu direito a uma nova boina. A namorada do
soldado, Edilene Dias, lamentou que a boina tenha vindo após muita dor.
Depois da queda do treinamento em corda, conforme a namorada, os
responsáveis pelos exercícios físicos aplicaram uma injeção no rapaz
para passar a dor e para ele continuar fazendo o treinamento. “Ele teve
uma marcha de 20 km, na qual desmaiou duas vezes”, disse.
A
família afirma que o soldado, ao chegar em casa, foi socorrido três
vezes no HMAR. Na primeira vez, segundo a namorada, se fez exame apenas
visual, tendo o rapaz sido medicado com relaxante muscular. O quadro
clínico dele se complicou no domingo, quando o pai teria insistido para
que se fizesse exames no filho devido às dores. A nota do CMNE confirma
que, nesse dia, Victor foi submetido a Raio-X de tórax e abdômen,
eletrocardiogramas e exames laboratoriais no HMAR, onde permaneceu na
UTI. Com a estabilização do quadro clínico, o soldado foi transferido
para o Hospital Esperança, onde morreu.
Para os familiares, os
exames comprovaram a gravidade do quadro clínico do soldado. Os exames,
pontuou a namorada, mostraram a quebra de uma costela e hemorragia
interna. Apesar da denúncia da família não se sabe oficialmente a causa
da morte de Victor. No Exército, segundo a Seção de Comunicação Social
do CMNE, o procedimento administrativo deve ser concluído em 30 dias,
prazo passível de prorrogação por mais 20 dias.
Passo a passo
Ao
fazer exercícios físicos na última quinta-feira sobre uma corda, no
bairro de Aldeia, em Camaragibe, o soldado do Exército Victor Fernandes
de Arruda caiu de cerca de seis metros de altura
Familiares do rapaz afirmaram que mesmo após a queda,
ele foi obrigado a correr uma distância 20 km para dar continuidade aos exercícios por ordens dos seus superiores
Depois
de ter sido levado três vezes ao HMAR sentindo dores musculares, o
soldado acabou sendo transferido para o Hospital Esperança, onde faleceu
na manhã da última segunda-feira.
Segundo caso este ano
O
procedimento administrativo sobre Victor Fernandes é o segundo deste
ano, no Exército, para apurar mortes relacionadas à realização de
exercícios físicos. Em janeiro, o CMNE abriu processo semelhante em que
investigaria a causa do falecimento do estudante Fellipy Caetano Silva,
18 anos. Ele passou mal ao fazer teste de aptidão física que daria
aceso ao Centro de Preparação de Oficiais de Reserva (CPOR).
Fellipy
passou mal às 8h30 no dia 22 de janeiro, quando participava de uma
corrida. O estudante faleceu devido a uma parada cardiorrespiratória uma
hora e meia após se sentir mal, no Hospital Militar do Exército. Em
nota à imprensa, na época, o CMNE informou que o rapaz havia sofrido um
“mal súbito” durante as provas físicas para o CPOR, que lamentou a
morte.
O procedimento administrativo foi aberto, em janeiro,
porque Felippy havia participado do exame clínico pela equipe de saúde
do CPOR e foi considerado apto para se submeter ao teste de aptidão
física.Diário de PE
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