quarta-feira, 16 de abril de 2014

Morte de soldado sob investigação

Militar de 19 anos teria passado mal após exercícios físicos. Família acusa o Exército de negligência (TV Clube/Reprodução)
O Comando Militar do Exército (CMNE) instaurou um procedimento administrativo para apurar as circunstâncias da morte do soldado Victor Fernandes de Arruda, 19 anos. Familiares afirmam que o soldado faleceu por não receber tratamento adequado da corporação e do Hospital Militar da Área do Recife (HMAR) após cair de uma altura de seis metros em Aldeia, Camaragibe, durante treinamento. O acidente aconteceu quinta-feira passada e Victor morreu nessa segunda-feira, sendo enterrado ontem.

Enquanto esperava a liberação do corpo do filho, a dona de casa Giselda Fernandes cobrou da polícia e do Exército investigações profundas. Na Polícia Civil, o caso está sob responsabilidade Delegacia da Várzea. “Dei meu filho vivo ao quartel e ele me deu morto”, desabafou. O sepultamento ocorreu no Cemitério Memorial Guararapes, em Jaboatão.

Victor estava há dois meses no Exército e o treinamento do qual participava era para receber o título de 2º soldado, o que lhe deu direito a uma nova boina. A namorada do soldado, Edilene Dias, lamentou que a boina tenha vindo após muita dor. Depois da queda do treinamento em corda, conforme a namorada, os responsáveis pelos exercícios físicos aplicaram uma injeção no rapaz para passar a dor e para ele continuar fazendo o treinamento. “Ele teve uma marcha de 20 km, na qual desmaiou duas vezes”, disse.

A família afirma que o soldado, ao chegar em casa, foi socorrido três vezes no HMAR. Na primeira vez, segundo a namorada, se fez exame apenas visual, tendo o rapaz sido medicado com relaxante muscular. O quadro clínico dele se complicou no domingo, quando o pai teria insistido para que se fizesse exames no filho devido às dores. A nota do CMNE confirma que, nesse dia, Victor foi submetido a Raio-X de tórax e abdômen, eletrocardiogramas e exames laboratoriais no HMAR, onde permaneceu na UTI. Com a estabilização do quadro clínico, o soldado foi transferido para o Hospital Esperança, onde morreu.

Para os familiares, os exames comprovaram a gravidade do quadro clínico do soldado. Os exames, pontuou a namorada, mostraram a quebra de uma costela e hemorragia interna. Apesar da denúncia da família não se sabe oficialmente a causa da morte de Victor. No Exército, segundo a Seção de Comunicação Social do CMNE, o procedimento administrativo deve ser concluído em 30 dias, prazo passível de prorrogação por mais 20 dias.

Passo a passo

Ao fazer exercícios físicos na última quinta-feira sobre uma corda, no bairro de Aldeia, em Camaragibe, o soldado do Exército Victor Fernandes de Arruda caiu de cerca de seis metros de altura

Familiares do rapaz afirmaram que mesmo após a queda,
ele foi obrigado a correr uma distância 20 km para dar continuidade aos exercícios por ordens dos seus superiores

Depois de ter sido levado três vezes ao HMAR sentindo dores musculares, o soldado acabou sendo transferido para o Hospital Esperança, onde faleceu na manhã da última segunda-feira.


Segundo caso este ano
O procedimento administrativo sobre Victor Fernandes é o segundo deste ano, no Exército, para apurar mortes relacionadas à realização de exercícios físicos. Em janeiro, o CMNE abriu processo semelhante em que investigaria a causa do falecimento do estudante Fellipy Caetano Silva, 18 anos. Ele passou mal ao fazer teste de aptidão física que daria aceso ao Centro de Preparação de Oficiais de Reserva (CPOR).

Fellipy passou mal às 8h30 no dia 22 de janeiro, quando participava de uma corrida. O estudante faleceu devido a uma parada cardiorrespiratória uma hora e meia após se sentir mal, no Hospital Militar do Exército. Em nota à imprensa, na época, o CMNE informou que o rapaz havia sofrido um “mal súbito” durante as provas físicas para o CPOR, que lamentou a morte.

O procedimento administrativo foi aberto, em janeiro, porque Felippy havia participado do exame clínico pela equipe de saúde do CPOR e foi considerado apto para se submeter ao teste de aptidão física
.Diário de PE

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