Da AE e JC
Foto: Divulgação/Reprodução do Facebook
O maior monstro do cinema
ganhou tamanho, potência nos rugidos, metros de cauda e ferocidade em
sua nova versão, que estreia nesta quinta-feira, 15, e celebra os 60
anos da primeira aparição, no mar do Japão. Em 1954, Godzilla, ou
Gojira, nome original oriental, irrompia das profundezas para
aterrorizar a humanidade. Na atual era do 3D e das imagens geradas por
computador (CGI, do inglês), porém, a maior surpresa é que a criatura
ressurja um tanto benevolente, empática, quase justiceira. E, agora, ela
não está sozinha.
Godzilla chega às telas com a promessa
de um novo marco na cronologia do monstro, exaustivamente tema de
produções que foram de filmes B - com atores vestidos de monstro - a
versões que fracassaram em fazer jus ao legado, como a mais conhecida,
de 1998, dirigida por Roland Emmerich.
Para isso, o estúdio Legendary, em
parceria com o japonês Toho, produtor do longa original (e distribuição
da Warner Bros), procurava um diretor fresco, sem medo de arriscar e
apaixonado por monstros. Nessa equação achou o britânico Gareth Edwards,
de 38 anos, fã de sci-fi que fez seu début com um filme sobre criaturas
gigantes que aparecem na Terra após uma invasão alienígena. Monstros
(2010) foi rodado de forma independente, com dinheiro de Edwards, seu
computador pessoal e uma van que se embrenhou pelo interior do México. O
nervosismo do estreante não domou sua ambição: “Vou transformar
Godzilla em um épico”, conta o diretor em entrevista na Cidade do
México.
Levar-se muito a sério, segundo Edwards,
é o grande mérito do blockbuster, de mais de US$ 160 milhões. “Eu
sempre busquei um tom meio Apocalypse Now. Um filme engraçadinho jamais
foi uma opção. Estamos apresentando uma situação catastrófica, uma
avalanche de horror que mudaria completamente o futuro da humanidade”,
diz o cineasta. O ar dramático convém ao criador de um Godzilla de 100
metros de altura, o maior de todas as 28 produções já feitas do monstro
no cinema e na TV.
“Pensei que seria fácil recriá-lo,
afinal todo mundo sabe como ele se parece”, relembra Edwards. Foram mais
de 100 bonecos e seis meses até a versão final, que contou com a ajuda
do estúdio Weta, do cineasta Peter Jackson, responsável por efeitos em
filmes como O Senhor dos Anéis. “Eu, na Inglaterra; eles, na Nova
Zelândia, e muitas noites no skype até termos um modelo em 3D de que nos
orgulhássemos, quando ele desse uma voltinha.” Nem todo o cuidado
evitou críticas dos fãs japoneses, e o monstro foi chamado de gordo.
“Ele está saudável, ele é grandão”, defendeu.
Outro ano e meio foi gasto na lapidação
do roteiro, que prima pelo suspense e exige paciência do espectador até a
aparição do protagonista. Em uma das numerosas referências ao longa de
Ishiro Honda, a história parte do Japão, onde um terremoto afeta uma
usina nuclear e leva à quarentena de uma vasta área e o fechamento de
instalações. Os cientistas nucleares americanos Joe e Sandra Brody,
interpretados por Bryan Cranston (da série Breaking Bad) e a francesa
Juliette Binoche, estão entre eles. Cranston é um estudioso desconfiado,
obstinado em descobrir a real causa do forte sismo e as atividades
secretas da usina. Um salto no tempo apresenta seu filho, Ford (Aaron
Taylor-Johnson, o Kick Ass, de 2010), o herói desta história. Completam o
elenco principal Elisabeth Olsen e o japonês Ken Watanabe.
SUSPENSE - É por um lento desenrolar que
o espectador precisa esperar até que Godzilla finalmente revele seus
efeitos, sua parafernália digital e sua majestosa criatura. E nada mais
justo vindo de um apaixonado por monstros, que esse godzilla não apareça
à toa, mas atraído por outros predadores igualmente apavorantes (e
enormes).
Se no contexto pós-Segunda Guerra o
monstro metaforizava a bomba de Hiroshima, nos dias atuais a energia
nuclear é alimento de monstros e reforça o teor político. “Godzilla é a
fúria da natureza. Atualmente, os seres humanos estão no controle e
acabando com o planeta. Mas e se não estivéssemos? E se algo maior
surgisse?”, questiona ainda o diretor.
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