O Governo do Estado renovou por mais
seis meses o decreto que declara “situação de emergência” no Agreste
pernambucano devido à estiagem e à queda intensificada das reservas
hídricas de superfície, provocada pela má distribuição pluviométrica na
região. Em outras palavras, significa que a seca continua, e ela não é
sinônimo apenas de falta de chuva, mas do forte impacto que causa e da
secular falta de políticas públicas para combater o problema.
Clique na imagem abaixo para visualizar infográfico.
O decreto foi publicado nesta semana no
Diário Oficial de Pernambuco. Após publicação, ainda é preciso obter
aprovação do Ministério da Integração Nacional e da Defesa Civil
Nacional. Na prática, a situação de emergência significa maior
facilidade para obtenção de medidas como contratação de carros-pipa,
desburocratização de crédito, milho subsidiado e possíveis dispensas de
licitação.
O período chuvoso da parte leste do
Agreste – mais próxima e, portanto, mais influenciada pela Zona da Mata e
pelo Litoral – termina no final deste mês sem que tenha chovido o
suficiente para encher os reservatórios. As chuvas só devem voltar em
maio de 2015.
Na parte oeste do Agreste – mais próxima
ao Sertão e que, portanto, costuma obedecer a regimes de chuva
semelhantes –, o período chuvoso vai de dezembro a abril e a situação
também não é das mais animadoras. Segundo o diretor presidente da
Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), Marcelo Asfora, as
previsões mais confiáveis para afirmar se a seca também irá se alongar
por lá só serão possíveis a partir de outubro. Mas ele lembra que
modelos de previsão têm indicado uma forte tendência para o fenômeno El
Niño, que se caracteriza pelo aquecimento anômalo das águas do Oceano
Pacífico e costuma trazer grandes estiagens para o Nordeste. Alguns
especialistas dizem que o fenômeno já chegou, e chegou mais cedo,
afetando as precipitações no Litoral e na Mata.
O secretário de Agricultura e Reforma
Agrária de Pernambuco, Aldo dos Santos, reforça que as chuvas recentes
no Agreste foram boas para a lavoura e para a recuperação agropecuária,
mas que não foram suficientes. Como exemplo, ele cita a Barragem de
Jucazinho, o maior reservatório da região, que não ficou suficientemente
cheio.
Segundo Aldo, a situação de emergência
também pode ser renovada para o Sertão do Estado, igualmente como medida
preventiva. Mas ele frisa que ainda é preciso aguardar as previsões
climáticas. Ainda de acordo com o secretário, a aprovação da situação de
emergência junto ao governo federal, necessária após o decreto
estadual, não costuma demorar, fica num prazo em torno de dez dias.
Relembre o caderno especial "Outro
Sertão é Possível", produzido no ano passado pelos repórteres Adriana
Guarda, Ângela Belfort e Felipe Lima, que exploraram o assunto pelo viés
da recuperação e do planejamento. Clique aqui.
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