Do JC Online
Um beijo demorado e um
abraço quase sem fim. Como quem acredita que segurando a pessoa que ama
terá ela por mais tempo ao lado, seu Amauri Pastor da Silva, 63 anos,
selou nesta quarta a união com a mulher com quem vive há 34 anos. Com um
câncer de pâncreas em estágio avançado, ele não sabe até quando estará
ao lado de Marinalva, mas nem por isso deixou de lado um antigo sonho: o
de casar.
"Eu queria viver com você para sempre",
disse o noivo à Marinalva, 34, quando os dois se encontraram no altar.
Conduzida pelo filho único filho do casal, ela não escondia a emoção ao
andar pela Capela Nossa Senhora das Graças, no Instituto de Medicina
Integral Professor Fernando Figueira (Imip), na Boa Vista."A gente nem
conseguiu dormir esta noite de tanto nervosismo", contou ela enquanto se
arrumava para ir ao encontro do companheiro.
Sem a possibilidade de cura, seu Amauri
está internado no setor paliativo da unidade de saúde. E foi lá que,
durante a conversa com o médicos, que revelou o desejo que nunca pôde
realizar. Após o pedido oficial à esposa, foi a vez de a equipe do
hospital e o voluntariado do Imip se mobilizarem para organizar. "De
quinta para hoje arrumamos tudo. Conseguimos as doações e arrecadamos
dinheiro para fazer a cerimônia", explicou um das voluntárias da Oficina
de Artes do Imip, Lusiana Carvalho.
A história do casal emocionou e criou um
sentimento de solidariedade em quem compartilha do mesmo sonho. No
grupo de Facebook Noivas Unidas do Recife (NUR), no qual as noivas
trocam experiências antes do dia tão esperando, foi criada uma campanha
para ajudar no casamento de seu Amauri. O sapato, a roupa, o terço, tudo
foi doado.
Durante a cerimônia, muitos médicos,
enfermeiros e voluntários não conseguiram conter as lágrimas. O
residente, Hugo Moura, que acompanha seu Amauri desde que ele chegou no
setor, foi um dos padrinhos do casal."Realizar a vontade de um paciente
que passa por esta situação é muito importante. Isso possibilita um
conforto a ele". O médico ainda trouxe uma boa notícia. O noivo poderá
voltar para casa em breve, quando os medicamentos paliativos forem
ajustados.
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