quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Clarão no céu chama atenção de moradores do Grande Recife

Do G1 PE
Um clarão no céu da Região Metropolitana do Recife e de algumas cidades do estado, visto na noite da quarta-feira (15), deixou moradores impressionados. Segundo a Sociedade Astronômica do Recife (SAR), a alta luminosidade foi provocada por um bólido, um grande meteoro que possivelmente veio de uma chuva de meteoros da constelação de Orion. Segundo informações do Observatório Alto da Sé, em Olinda, o bólido pode ser formado por um meteoro ou por lixo espacial. Na manhã desta quinta-feira (16), os comentários nas redes sociais sobre o fenômeno eram recorrentes e muitas pessoas afirmavam também terem visto o clarão no interior de Pernambuco, na Paraíba, em Alagoas e no Rio Grande do Norte.
Nas imagens das câmeras de monitoramento da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) é possível ver o exato momento em que o clarão toma conta do céu, às 22h19 da noite da quarta-feira. As imagens mostram a Avenida Agamenon Magalhães, uma das principais vias do Recife, na área central da cidade  O vídeo mostra o fenômeno duas vezes, sendo a segunda em câmera lenta.

De acordo com o coordenador do Observatório Alto da Sé, Alexandre Evangelista, a queda do bólido foi visível no Grande Recife e em outras localidades do estado. "Não temos registros porque foi tarde e em dia de semana. Chamamos de bólido quando [o objeto] pode ser proveniente de um meteoro ou lixo espacial. Para ter a confirmação é preciso fazer um estudo das imagens, checar se ficaram vestígios sólidos no solo", afirma. Também chamado de bola de fogo, o fenômeno foi visto pela última vez pelo Observatório em 2012. "Caiu próximo da praia de Maragogi, em alto mar. Foi visível no sul da Paraíba, Pernambuco e até Alagoas", lembra Evangelista.

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Entenda os termos utilizados pelos astrônomos
Meteoroide Qualquer corpo sólido oriundo do espaço, que pesa em torno de miligramas até alguns quilos e que pode variar do tamanho de uma ervilha ao de uma bola de futebol. Com isso, ao penetrar na atmosfera, o aquecimento devido ao atrito com os gases produz a luminosidade que chamamos de meteoro. Se por acaso esse corpo conseguir sobreviver à vaporização e tocar o solo, chamamos a pedra final de meteorito.
Bólido A vaporização dos meteoroides na atmosfera produz um rastro luminoso de curta duração e um rastro ionizado de longa duração. Alguns desses corpos têm tamanhos maiores o suficiente para produzirem um rastro com aspecto de uma bola de fogo, conhecidos como fireball (bola de fogo) ou bólidos. Geralmente os bólidos chegam a explodir e são acompanhados por grandes estrondos, parecidos com trovões, e de um grande clarão azul, como o que foi visto no Nordeste. Os relatos vieram do Agreste ao Litoral pernambucano e também de outros lugares, como Sergipe, Paraíba e Rio Grande do Norte. É um evento natural e que ocorre a uma altura de aproximadamente 60 quilômetros acima do solo, na alta atmosfera.
Chuva de meteoros orionídea No mês de outubro acontece a Chuva de Meteoros Orionídea, que parece vir da constelação de Órion, onde estão as populares “Três Marias”. Essa chuva tem início próximo ao dia 14 e se estende até o dia 29. O seu máximo acontece nas noites dos dias 20 e 21 de outubro. Provavelmente o bólido que foi visto na noite da quarta está relacionado a essa chuva.
Fonte: Sociedade Astronômica do Recife (SAR)
O astrônomo Everaldo Faustino, da SAR, acredita que o bólido era composto por um meteoro. Ele conta que os meteoros costumam cair todos os dias, mas não com essa magnitude de brilho. “O que conhecemos por estrela cadente são, na verdade, meteoros se desprendendo de constelações, ou se deslocando no espaço. O bólido nada mais é que um grande meteoro. Devido à grande velocidade que ele entrou na atmosfera, eles aquecem, tem o impacto e o contato com o ar daqui, que é diferente do vácuo onde eles estavam. Ele atinge uma temperatura alta e, a partir disso, emitem luz”, explica.

Alguns podem atingir o tamanho de um carro, mas o bólido que caiu na quarta-feira deve ter um tamanho pequeno, segundo Faustino. “A gente não sabe se ele chegou a cair no solo ou se veio fragmentado, se desintegrou. Não é comum cair em zonas urbanas, temos pouquíssimos relatos de terem caído em cima de casas ou pessoas. É provável que esse, se tiver caído, tenha sido no mar”, aponta o astrônomo.

Ainda de acordo com Everaldo Faustino, não é comum a queda de um bólido, principalmente com o brilho do que foi registrado. “Pesquisadores já tinham visto a data específica que iria ter uma chuva de meteoros, a chamada orionídeo”, afirma. Ele explica que o radiante – ponto onde os meteoros “nascem” – dos orionídeos é a constelação de Orion, à qual a chuva faz referência. “Existem várias chuvas de meteoros durante o ano, mas tem algumas que são excepcionais, como o orionídeo. A gente não esperava que caíssem com essa intensidade de brilho”, conclui o astrônomo.

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