Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto
Costa afirmou em depoimento da delação premiada dos autos da Operação
Lava Jato que intermediou em 2010 o pagamento de R$ 20 milhões para o
caixa 2 de campanha de Eduardo Campos (PSB), então candidato à reeleição
ao governo de Pernambuco - Campos foi reconduzido ao cargo com 80% dos
votos. Segundo Paulo Roberto Costa, o operador da transação foi o
ex-ministro Fernando Bezerra, da Integração Nacional do governo Dilma
Rousseff, eleito senador pelo PSB de Pernambuco e ex-braço direito de
Campos.
Em 13 de agosto, candidato à Presidência, Eduardo Campos morreu tragicamente num acidente aéreo.
Costa disse ao Ministério Público
Federal - em um dos vários depoimentos prestados entre agosto e setembro
- que Bezerra pediu a ele o dinheiro para ser usada na campanha à
reeleição do então governador pernambucano. O ex-diretor da Petrobras,
que aceitou colaborar com a Justiça em troca da redução de pena, também
apontou o envolvimento de pelo menos 32 deputados e senadores e o PT, o
PSDB, o PMDB e o PP com os esquemas de propina nas obras da refinaria
Abreu e Lima, em Pernambuco.
A delação de Costa foi homologada pelo
ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal. Ele disse que os
R$ 20 milhões foram entregues a Bezerra pelo doleiro Alberto Youssef.
Também alvo da Lava Jato, o doleiro está fazendo delação premiada e
citou 28 parlamentares. Youssef está preso em Curitiba, desde 17 de
março.
Na época, o ex-ministro Bezerra era
secretário de Desenvolvimento do governo do Estado e presidente do Porto
de Suape (entre 2007 e 2010), onde foi construída a refinaria. Era ele
quem tratava institucionalmente com os responsáveis pela obra de Abreu e
Lima.
Iniciada em 2008, a obra ainda não foi
concluída, mas já está com superfaturamento, segundo relatórios do
Tribunal de Contas da União (TCU) e da Procuradoria da República.
Costa era quem presidia o conselho de
administração da Refinaria Abreu e Lima S/A, empresa constituída pela
Petrobras para tocar as obras avaliadas inicialmente em R$ 2,5 bilhões e
que já consumiu mais de R$ 20 bilhões, segundo o Ministério Público
Federal.
Bezerra foi secretário de
Desenvolvimento Econômico de Pernambuco até 2011. Depois foi indicado
por Campos para ocupar o cargo de ministro da Integração Nacional.
Como presidente de Suape e secretário de
Estado, era ele quem negociava diretamente com a Petrobras e a empresa
criada para tocar a obra, que tinha Paulo Roberto Costa como presidente
do Conselho de Administração. À Justiça Federal, na ação penal sobre
superfaturamento, desvios de recursos na obra, Costa e Youssef revelaram
que o PT, o PMDB e o PP lotearam as diretorias da Petrobrás e montaram
um esquema de propina paga por construtoras que abasteceu o caixa 2 dos
partidos, principalmente para campanha de 2010.
A empresa é a mesma apontada por Costa
por ter pago o achaque de R$ 10 milhões que teria sido feito entre 2009 e
2010 pelo então presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra,
para abafar a CPI da Petrobrás. DO JC
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