Foto: Guga Matos/JC Imagem
O governo espera acalmar o mercado
financeiro com o anúncio, em breve, do reajuste dos preços dos
combustíveis, informou uma fonte no governo. Em uma só tacada, a ideia é
aplacar o mau humor do mercado e atender às necessidades de
recomposição de caixa da Petrobras. O Broadcast, serviço de notícias em
tempo real da Agência Estado, apurou, porém, que o reajuste deve ser
menor do que vem pedindo a presidente da estatal, Graça Foster, nos
últimos meses. O Palácio do Planalto ainda não bateu o martelo sobre
quando será o aumento de preço, mas o tema está na pauta da reunião do
conselho de administração da companhia.
Na manhã seguinte ao resultado das
eleições, a Petrobras divulgou dois comunicados positivos aos
investidores, mas, ainda assim, as ações se mantiveram em queda durante o
dia. As ações preferenciais caíram 12,33% e as ordinárias, 11,34%.
Antes da abertura das operações
financeiras na BM&FBovespa, foi anunciada a descoberta de petróleo
na perfuração do primeiro poço do super campo de Libra, pré-sal da Bacia
de Santos, que já estava registrada desde sexta-feira, 24, na Agência
Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP).
A produção no pré-sal foi um trunfo
usado na campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff, que promete
transformar o petróleo em R$ 1,3 trilhão para a educação em 35 anos. Em
seguida, a Petrobras comunicou a contratação de duas consultorias para
investigar casos de corrupção na empresa, outro tema muito debatido nos
últimos meses. Mas nada conteve a queda dos papéis.
Reunião
O reajuste dos combustíveis, que, pela
perspectiva do governo, vai melhorar o ânimo do mercado, está na pauta
da reunião do conselho de administração da próxima sexta-feira, dia 31. O
ministro da Fazenda, Guido Mantega, já disse que aumentos de preços
ocorrerão ainda em 2014, seguindo a tradição de conceder ao menos um
reajuste a cada ano. Dentro do conselho de administração, no entanto,
não há um consenso de que este seja o melhor momento.
"Os preços estão ajustados ao mercado
internacional, não tem defasagem. Será que o governo vai reajustar com a
inflação do jeito que está? A justificativa era a defasagem, agora não
acho que o governo arriscaria a meta da inflação. Só vamos saber na
sexta-feira", avaliou o conselheiro Silvio Sinedino, que representa os
trabalhadores no colegiado.
A "extensa e dura" pauta prevista para a
reunião do conselho passa também pela análise dos resultados da
companhia no terceiro trimestre, mantidos em sigilo, e pelas novas
denúncias de irregularidades decorrentes das investigações na Operação
Lava Jato.
A partir de agora, diz Sinedino, a
estatal deverá reforçar agendas positivas para reverter o que chama de
"pessimismo" que se abateu na própria companhia e no mercado.
O anúncio de reajustes de preços, de
investigação da corrupção ou de novas descobertas no pré-sal talvez não
sejam suficientes para mudar o ânimo dos investidores. A percepção é que
falta anunciar a adoção de uma política clara de variação dos preços,
que torne os prazos e porcentuais dos reajustes previsíveis, diz Walter
De Vitto, da consultoria Tendências.
A avaliação é que, reeleita, a
presidente Dilma tende a prosseguir com a política de contenção dos
preços dos combustíveis, o que, em sua opinião, impossibilita que a
companhia aproveite ao máximo as oportunidades do mercado.DO JC
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