Inscrições
rupestres existentes em uma das paredes de pedra do boqueirão do Rio
Japí, na zona rural de Cuité, região do Curimataú, levaram o Governo do
Estado a parar temporariamente a construção da barragem Retiro.
A
barragem é parte do sistema adutor do Retiro e deverá abastecer de água
cerca de 45 mil pessoas, além de beneficiar animais e a agricultura,
mas a pedra com as figuras milenares ficaria submersa. A obra continua
em outros setores, onde está em construção uma adutora de 18 km que fará
ligação com a barragem de Boqueirão do Cais, ampliando o abastecimento
para Cuité, Damião e Nova Floresta.
Segundo o historiador
Vanderley Brito, presidente da Sociedade Paraibana de Arqueologia, a
arte rupestre encontrada em diferentes lugares da Paraíba ainda é um
mistério e permanece sem ser decifrada. “Todo o sítio arqueológico é da
máxima importância porque carrega uma informação que pode servir de
chave para o enigma. Sabemos que esses gráficos podem ter sido feitos
por homens que viveram aqui há mais de 6 mil anos atrás, mas ainda não
compreendemos o significado”, esclarece o professor.
Este sítio
localizado em uma pedra de mais de 3 metros de altura, em uma das
laterais do Rio Japí, foi descoberto no século XIX pelo naturalista
francês Jacques Brunet. Em 2002, os historiadores Washington Luis de
Meneses e o próprio Vanderley Brito fizeram um levantamento, mas os
desenhos feitos em tinta vermelha requerem mais estudos.
No
final de outubro, uma equipe da Sociedade Paraibana de Arqueologia
esteve no local, e fez um relatório que foi enviado ao Governo do Estado
e ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan-PB).
O secretário da Secretaria Estadual dos Recursos Hídricos, do Meio
Ambiente e da Ciência e Tecnologia (SERHMACT), João Azevedo, informou
que recebeu o relatório e solicitou ao Iphan um posicionamento.
“Enquanto isso, suspendemos os trabalhos na barragem, pois reconhecemos a
importância arqueológica do sítio”, garantiu.Correio da PB
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