Do JC Online
Polícia Federal organizou coletiva de imprensa para divulgar o caso
Foto: Edmar Melo/JC Imagem
A Polícia Federal deflagrou nesta
quarta-feira (12) a 'Operação Trevo' para investigar um esquema de
fraudes, lavagem de dinheiro, práticas do jogo do bicho, distribuição de
máquinas caça-níqueis e emissão de bilhetes de loteria como título de
capitalização. Três organizações criminosas independentes, acusadas de
agir em 13 Estados, foram desarticuladas. A empresa Pernambuco dá Sorte é
suspeita de comandar o esquema. Nessa manhã, equipes da Polícia Federal
foram à sede da empresa na Avenida Caxangá, Zona Oeste da Capital, para
fiscalizar e analisar documentos. Outros quatro endereços, estes
residenciais, na Zona Sul, também são alvos de fiscalização.
A empresa Pernambuco dá Sorte é suspeita
de comandar o esquema mais complexo, que se estende por outros oito
Estados. A quadrilha atuava através de loterias estaduais, que deveriam
ter 50% dos valores arrecadados destinados à instituições filantrópicas.
Entretanto, apenas 1,67% do valor era, de fato, enviado. O restante do
dinheiro era encaminhado ao Instituto Ativa Brasil, em Belo Horizonte,
que possuia funcionários ligados ao esquema. Dessa forma, o dinheiro
retornava à própria empresa. De acordo com a polícia, nos últimos quatro
anos, mais de R$ 400 milhões teriam sido desviados do instituto.
A ação da PF ocorre simultaneamente em
13 estados brasileiros. Além de Pernambuco, o Rio Grande do Sul,
Alagoas, Amazonas, Goiás, Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraíba,
Espírito Santo, Pará, Piauí e Minas Gerais são suspeitos de envolvimento
no caso. Segundo a polícia, o esquema movimentou aproximadamente R$ 1
bilhão.
Em São Paulo, um grupo atuava no
contrabando de máquinas caça-níqueis e sua respectiva montagem. Este
grupo possuía ramificações no Estado de Pernambuco e no Nordeste.
Deverão ser cumpridos 24 mandados de prisão preventiva e 12 mandados de
prisão temporária em 13 estados do país. A polícia também espera
realizar 57 mandados de busca e apreensão e 47 mandados de sequestro de
bens.
A terceira empresa identificada pela PF
foi A Paraibana, de jogos de bicho, que servia como loteria de
descarrego, uma espécie de seguro clandestino no qual o bicheiro compra
apostas altas de outras bancas do bicho e assume o risco de premiação.
Contas bancárias em nome de laranjas eram utilizadas para movimentação
de milhões de reais, sugerindo a lavagem de dinheiro.
Na capital, a polícia já realizou
apreensões de máquinas caça-níqueis, de jogo do bicho, carros de luxo,
computadores e dinheiro em espécie. Um policial militar foi preso em
Brasília Teimosa, Zona Sul, acusado de envolvimento com esse esquema que
atuava com exploração de jogos de azar e de ser dono de uma das casas
clandestinas identificadas na Região Metropolitana do Recife.
A assessoria de imprensa da polícia
informou que os detidos serão encaminhados à sede da Polícia Federal,
localizada na área central do Recife. As investigações acontecem há
cerca de um ano. Nesta quarta ao menos oito casas lotéricas serão
vistoriadas em outros estados. A justiça determinou a suspensão da
comercialização de qualquer título de capitalização na modalidade
popular envolvido na investigação.
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