O pagador de promessas no Sudoeste, em Brasília, na manhã desta quinta (4) (Foto: Luciana Amaral/G1)
Um pagador de promessas de 74 anos que carrega uma cruz de 50 quilos há
sete anos pelas estradas do país inicia nesta sexta-feira (6), em Brasília, a última etapa da viagem dele rumo ao santuário do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO).
Pedro Costa carrega moedas doadas pelo
caminho em pote de sorvete
Costa prometeu a Deus que, se ficasse bom, atravessaria o Brasil e
chegaria ao santuário na cidade goiana para a Festa do Divino no final
de maio deste ano. "Foi um milagre. Não tive de operar nem nada. Fiz a
promessa e agora vou cumprir. Só eu e Deus. Vou com calma, sem pressa."caminho em pote de sorvete
Para pagar a promessa, Costa deixou o emprego de auxiliar em um colégio de freiras na terra natal e partiu rumo a GO peregrino Pedro Guedes da Costa, de 74 anos, deixou Caruaru, em Pernambuco, em dezembro de 2007 e depois de ter sido diagnosticado com trombose no pé esquerdo no ano anterior. Desde então, ele já cruzoiás em 22 de dezembro de 2007. Viúvo há 15 anos, os quatro filhos adultos ficaram em Caruaru. "Vim só com isso aqui. Com a ajuda do povo eu compro roupa e comida. Às vezes as pessoas dão abrigo. Tenho rede, coberta, barraca, garrafa de café e suco."
Durante a jornada, muitas pessoas param Costa para que ele leve pedidos e orações até Trindade. Por isso, a cruz está revestida de chupetas e fitas coloridas com nomes e orações. Costa disse ter sido “bem recebido” pelos brasilienses e tentou se encontrar com a presidente Dilma Rousseff na terça-feira (3), sem sucesso.
Chupetas
e fitas, além de cruz com barracas e garrafas, fazem parte da bagagem
do pagador de promessa pernambucano (Foto: Luciana Amaral/G1)
"Aproveitei para ver a Dilma no Palácio do Planalto, só que mandaram eu
voltar daqui a 15 dias. Meu filho mandou eu largar mão porque ela está
‘queimada’. Se eu aparecer com ela, o povo não vai mais me ajudar.
Então, vou seguir meu caminho, mas oro todos os dias por ela."Vida peregrina
Há tanto tempo longe de casa, Costa diz que enfrentou muitas “provações. "Tem cidade em que o povo não dá nem água. Já me bateram, já me xingaram. Se durmo na mata, OK. Se durmo na pousada, OK. Eu agradeço mesmo assim. Quanto mais sofrimento, mais minha fé aumenta. Não sofri nem 1% do que Jesus sofreu. Deve ser alguma provação, mas nunca passei por dificuldades."
Questionado pelo G1 se já pensou em desistir da penitência, ele é rápido na resposta: “Nunca”. Sem mapa nem telefone, ele vai perguntando o caminho a quem encontra no trajeto. "Vou pedindo orientação. Agora pego a BR-060 e vou.
Após a Festa do Divino, o pagador de promessas pretende voltar para casa e fazer uma festa com a família e os amigos (veja vídeo acima).
Apoio
Por onde caminha, o pernambucano chama a atenção das pessoas, que o param para tirar fotos e fazer doações. Em troca, ele distribui santinhos. A juíza Silvana Chaves passou de carro ao lado de Costa e fez um retorno para poder estacionar e conversar com o peregrino.
"Gosto de rezar enquanto estou dirigindo. Queria saber a história dele, achei bonita a história de fé. Me comoveu porque as pessoas estão muito endurecidas hoje em dia", afirmou a juíza.
A cabeleireira Sarah Mourão também parou para conhecer o pagador de promessas e se surpreendeu com o foco do homem. "Tem que ter muita fé, porque uma pessoa qualquer não faria isso não."
A juiza Silvana Chaves mostra santinhos que ganhou
após parar na estrada para conversar com Costa
(Foto: Luciana Amaral/G1)
A técnica de enfermagem Danielly Carvalho, que trabalha no Sudoeste,
viu Costa passar pela região na manhã desta quinta-feira (5), ofereceu
almoço, capa de chuva e se dispôs a ir com ele a um shopping próximo
para comprar um par de tênis.após parar na estrada para conversar com Costa
(Foto: Luciana Amaral/G1)
"Coitado, está de chinelo na chuva e vai pegar a estrada. Já fui para Trindade três vezes e vi que alguns enfrentam uma situação de muito sofrimento. O pior é que não tem como ele largar a cruz aqui e ir comigo, mas vamos resolver. Imagina se ele deixasse aqui? As pessoas poderiam quebrar, queimar. Elas são muito maldosas."
Costa diz já ter encontrado as pessoas com os mais diferentes perfis nesses sete anos – entre eles índios, ciganos e traficantes. "Vi muitas coisas. Tem povo bom, povo ruim, mas não posso julgar ninguém. Só Deus."
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