Da Folhapress
Foto: MIGUEL SCHINCARIOL / AFP
Pegos de surpresa com o
panelaço em razão do pronunciamento de Dilma Rousseff na TV neste
domingo (8), dirigentes petistas temem que o ato contra o governo
marcado para o dia 15 repita as manifestações de junho de 2013.
A principal preocupação é com São Paulo,
onde se concentraram os protestos e reações ao PT e à presidente. Nas
palavras de um aliado de Dilma, desta vez, em vez de "20 centavos", o
sentimento de mudança está agora centrado no poder central.
Durante o pronunciamento, houve
buzinaço, panelaço e vaias em ao menos 12 capitais: São Paulo, Brasília,
Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Vitória, Curitiba, Porto Alegre,
Goiânia, Belém, Recife, Maceió e Fortaleza. Nas janelas dos prédios,
moradores batiam panelas, xingavam a presidente, enquanto piscavam as
luzes dos apartamentos.
Petistas ouvidos pela reportagem
atribuem o desgaste de Dilma ao abandono da agenda política pelo
governo. Na avaliação destes interlocutores, o Planalto apresentou uma
agenda em junho e prosseguiu com as políticas públicas, mas perdeu a
comunicação com a população.
No governo, um ministro diz que a tensão
nas ruas se deve ao fato de que "ainda não saímos de outubro",
referindo-se ao período eleitoral. Dilma ganhou a eleição presidencial
por uma margem apertada contra o tucano Aécio Neves (MG).
Alguns petistas tentaram minimizar o
panelaço e defendem nas redes que os protestos se concentraram em áreas
nobres, onde estão localizados eleitores da oposição. No entanto,
integrantes do governo e membros da cúpula petista avaliam a estratégia
como "fraca e defensiva", ignorando o significado político da reação.
OPOSIÇÃO
Em nota divulgada em seu site nesta segunda-feira (9), o PT afirmou que a mobilização pode ter apoio de partidos de oposição.
"Tem circulado clipes eletrônicos
sofisticados nas redes, o que indica a presença e o financiamento de
partidos de oposição a essa mobilização", disse o secretário nacional de
Comunicação do PT, José Américo Dias.
Para Alberto Cantalice, vice-presidente e
coordenador das redes sociais da legenda, a manifestação tem ligações
com outras reações oriundas de setores que pretendem um golpe contra o
governo Dilma. "Existe uma orquestração com viés golpista que parte
principalmente dos setores da burguesia e da classe média alta",
afirmou.
Para o PT, o movimento foi realizado por
moradores de bairros de classe média como Águas Claras, no Distrito
Federal, Morumbi e Vila Mariana, em São Paulo, e Ipanema, no Rio, mas
que não se repercutiu em áreas populares e perdeu o alcance.
"A comprovação do curto alcance do
protesto veio pelas próprias redes. A hashtag #DilmadaMulher, em apoio à
presidenta, tornou-se uma das mais usadas pelos internautas e entrou
para o trending topics do Twitter, durante a fala da presidenta em
cadeia nacional de rádio e tevê", diz o partido.
No pronunciamento, a presidente Dilma
Rousseff defendeu o ajuste fiscal, pediu apoio da população e do
Congresso na implementação de medidas que afetam a "todos" e disse que
as críticas contra o governo são "injustas".
Segundo a petista, o ajuste é uma medida
tomada "corajosamente". "Mesmo que isso signifique alguns sacrifícios
temporários para todos e críticas injustas e desmesuradas ao governo",
afirmou. Do JC
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