Do JC Online
Foto: Reprodução/Facebook
"Mataram um bebê, mataram o
meu bebê", fala em voz baixa Marcelo Lauriano, pai do estudante Marcelo
Lauriano Gomes Filho, de 16 anos, morto por um tiro de fuzil disparado
por um policial militar, por volta das 23h dessa terça-feira (16), em
Escada, Mata Sul de Pernambuco. O jovem havia acabado de voltar de um
passeio com o pai ao shopping Costa Dourada, no Cabo de Santo Agostinho,
Grande Recife, e estava dando uma volta de carro com o irmão de 19 anos
e dois amigos de 18 e 19 anos.
O comerciante admitiu que permitia que o
filho dirigisse o carro, às vezes, mesmo sendo menor de idade e não ter
carteira de habilitação. "Ele insistia bastante para dirigir e ontem
[terça-feira], quando a gente chegou em Escada, pedi que ele fosse levar
um funcionário meu em casa e Marcelinho aproveitou para ir comer uma
pizza com os amigos e depois eles resolveram fazer um passeio", disse o
pai que alegou ter tentado ligar para o filho, pois já estava tarde.
"Ele não atendeu, acho que já tinha acontecido", lamentou.
Sobre o caso, Marcelo Lauriano disse o
filho mais velho contou que a polícia estava fazendo um bloqueio na
avenida. "Quando Marcelinho notou a viatura tentou fazer um retorno. Ele
ficou com medo por ser de menor e estar dirigindo. Os policiais
mandaram ele parar duas vezes. O meu outro filho e os amigos disseram p
ele parar, até fizeram sinal com a mão dizendo que Marcelinho ia parar,
mas ele não parou e os policiais atiraram", explica.
"Marcelinho era uma criança, uma criança
inteligente, ele queria fazer faculdade de administração, herdar meu
comércio. Ele não sabia o todo o mal que o esperava", conta Marcelo.
Segundo ele, o adolescente sofreu esfacelamento de crânio e morreu no
local.
A Polícia Militar confirmou o caso, mas
alegou que o tiro foi disparado acidentalmente. Questionado sobre se ele
acreditava nessa versão, o comerciante foi enfático. "Como acidental? O
tiro foi com precisão, atiraram para acertar bem na cabeça de quem
estava no voltante do carro", disse Marcelo Lauriano.
Segundo o Departamento de Homicídios e
Proteção à Pessoa (DHPP), ainda é necessário esperar o laudo dos exames
periciais para confirmar de onde partiu o tiro que matou o jovem. "Ainda
não temos como precisar de onde partiu esse disparo. As informações
iniciais serão aprofundadas", disse o gestor da Força-tarefa, Neemias
Falcão, que explicou que o caso será conduzido pela Delegacia de Escada.
Neemias afirmou ainda que as informações
de que a polícia abordou o veículo do estudante foi registrado no
Boletim de Ocorrência, mas apenas a perícia do Instituto de
Criminalística (IC) determinará se o disparo foi feito por um policial
militar. "Ficando configurada a participação de um policial ou de
qualquer pessoa, será a ela atribuída a condenação legal", disse. A
caminhonete S10, que está na Delegacia de Escada, também passará por
perícia.
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