quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Difteria volta a assustar em Pernambuco

Sigernando lamenta morte do filho de 14 anos e espera a recuperação dos gêmeos / Ashley Melo/JC Imagem

JC Imagem


O Estado de Pernambuco multiplicou a atenção em relação à difteria, doença infectocontagiosa prevenida exclusivamente pela vacinação e causada por bactéria que se aloja nas amídalas, faringe, laringe e nariz. O alerta veio à tona depois que o estudante Paulo Sigernando da Silva, 14 anos, morreu na madrugada do sábado (5) em Salgueiro, Sertão pernambucano, com sintomas de difteria, que já acometeu quatro pessoas só este ano no município de Chã Grande, no Agreste, após o Estado passar por vários anos com registros de casos esporádicos. Os irmãos gêmeos do rapaz, Cosme e Damião Sigernando da Silva, 19, estão internados desde sábado no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), em Santo Amaro, área central do Recife, com sintomas brandos da doença. 
Na manhã desta quarta-feira (9), o médico infectologista Demétrius Montenegro, do Huoc, informou que há ainda um paciente com sintomas de difteria internado no Real Hospital Português, área central do Recife. Com isso, sobe para quatro o número de casos suspeitos da doença no Estado, além dos outros quatro casos já confirmados em Chã Grande. 

“Estamos fazendo um trabalho de investigação em Salgueiro, assim como em Chã Grande. Equipes de saúde estão indo às residências para ver quem são as pessoas com suspeita de difteria”, informa a gerente de Vigilância das Doenças Imunopreveníveis da Secretaria Secretaria Estadual de Saúde (SES), Ana Antunes. Ela acrescenta que, para aquelas que tiveram contato próximo com indivíduos que apresentam sintomas da doença, será analisada a necessidade de vacinação, como também de coleta de secreção do nariz e da garganta. “Em alguns casos, precisaremos prescrever antibióticos, que devem ser indicados aos pais dos gêmeos internados e dos irmãos que estão em Salgueiro.”
Esse cenário de incidência da difteria faz Ana Antunes chamar a atenção da população para a importância da imunização. “O esquema vacinal para a doença deve ser respeitado por todas as faixas etárias, inclusive os adultos, que não devem se esquecer de tomar a dose de reforço a cada 10 anos.”
A infectologista do Huoc Polyana Monteiro, da equipe médica que acompanha os gêmeos, informa que os jovens estão em tratamento com antibiótico na ala do isolamento do hospital. “Eles estão bem, sem febre e sem sinal de gravidade. Os exames foram coletados no fim de semana e solicitamos prioridade para o resultado. Em breve, faremos a confirmação, ou não, da suspeita da difteria”, diz Polyana. 
COMPANHIA
O pai dos jovens, o agricultor Sigernando de Souza, 46, acompanha os filhos no hospital, ao lado da esposa, a dona de casa Antônia dos Santos Silva, 48. Chegou à unidade de saúde no domingo (6), após o enterro do filho. Na ocasião, Antônia já estava no Huoc com Cosme e Damião. “Fiquei muito abalado, nem soube como dar a notícia a ela. Foram as médicas que me ajudaram e falaram da morte.” Ele diz que os filhos começaram a se queixar de dor de garganta e febre dia 29 de agosto. 
Em poucos dias, a situação de Paulo só fez se agravar, com piora do quadro respiratório. Ele seria transferido para o Oswaldo Cruz no dia 5, em ambulância aérea, mas teve falência múltipla dos órgãos e veio a óbito. “É muito triste ver um filho esforçado e estudioso morrer tão cedo. Meus outros dois filhos estão sendo bem atendidos e espero que fiquem bem”, observa Sigernando. Do  JC

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