Do Estadão Conteúdo
O número de casos de bebês nascidos com microcefalia
já ultrapassa a marca dos 500. A expansão do número de casos
impressionou técnicos do próprio Ministério da Saúde, que nesta segunda,
23, deve divulgar os indicadores oficiais. A doença, uma má-formação
ganhou níveis epidêmicos nos últimos três meses. Há duas semanas, diante
do aumento de casos, foi decretado estado de emergência sanitária
nacional. A maior suspeita é a de que os números, até então nunca vistos
em nenhum País do mundo, são resultado da infecção da mãe durante a
gestação pelo zika vírus.
O pesquisador da Fiocruz Rivaldo Cunha
estima que chegaremos até o fim do ano com cerca de 2 mil casos de
microcefalia. "Estamos diante de uma tríplice epidemia", afirmou, numa
referência à chikungunya e à dengue, doenças que têm em comum com a zika
o transmissor: o mosquito Aedes aegypti e que também avançam no País.
Este ano, os indicadores de dengue
bateram recorde, tanto em notificações de infecções quanto de mortes.
Números indicam que a chikungunya, que chegou ano passado no Brasil e
permaneceu nos primeiros meses concentrada em um pequeno número de
cidades também avança pelo Brasil. Em 2014, a infecção foi identificada
em 3.657 pessoas, residentes em oito cidades. Agora, o número de casos
suspeitos ultrapassada 8 mil e estão espalhados em pelo menos 44
municípios nos Estados do Amazonas, Amapá, Pernambuco, Sergipe, Bahia,
Mato Grosso do Sul, Piauí, Rio Grande do Norte e Distrito Federal.
Somente em Pernambuco, foram notificados
785 casos suspeitos de chikungunya. Embora o risco de morte seja menor,
a doença pode atingir as articulações, tornar-se crônica e deixar o
paciente por meses impossibilitado de executar tarefas simples, como
vestir-se ou se alimentar. Além da forte suspeita de provocar
microcefalia nos bebês (má-formação que de acordo com níveis pode levar a
ter deficiência mental, motora, problemas de audição e visão), há
investigações sobre o risco de a zika provocar em parte de pacientes uma
doença autoimune, que provoca paralisia, a Guillaim-Barré. Há registros
de casos no Brasil tanto na Bahia quanto em Pernambuco. Os pacientes
geralmente desenvolvem o problema semanas depois da fase aguda da
infecção por zika. O tratamento exige internação e demanda um longo
período, até a completa reabilitação.
Diante dessa situação, o governo
reativou um Grupo Especial, que entrou pela primeira vez em ação durante
a Pandemia da Gripe A. São 17 ministérios, que devem atuar para de
forma coordenada para tentar combater o mosquito Aedes aegypti. Semana
passada, secretários estaduais de saúde propuseram a criação de um Fundo
Nacional, para que recursos sejam aplicados de forma exclusiva para o
combate às arboviroses. Na Bahia, até meados de novembro foram
notificados 62.635 casos suspeitos de Zika, 19.231 casos suspeitos de
Chikungunya e 49.592 casos prováveis de dengue.
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