Do G1 DF |
Foi na Fiocruz que Mello realizou o que seriam os primeiros experimentos com penicilina fora da Inglaterra, país onde o antibiótico foi descoberto. “Quando o [Alexander] Fleming descobriu, por acaso, a vacina em Londres, eu trabalhava no Oswaldo Cruz. Um tempo depois, nós desenvolvemos a penicilina no porão do instituto.” Segundo o professor, ele e outros dois cientistas usaram a vacina para curar um paciente que sofria de sífilis.
À UnB, Mello dedicou 20 anos da sua vida, onde foi professor de microbiologia, decano e fundador do centro de primatologia da instituição.
O pesquisador estudou macacos e publicou mais de 150 artigos sobre doenças animais como a brucelose, que afeta bovinos, caprinos, suínos e pode contaminar o ser humano.
Mello realizou estudos sobre zoonoses na década de 1960 que tratavam dos riscos da doença afetar o ser humano.
Mello é categórico sobre o combate ao Aedes aegypti e ao zika vírus – doença descoberta em 1947 em macacos da floresta Zika, em Uganda. “Só existem duas maneiras de combater o mosquito. Uma delas é o ‘fumacê’, que combate o mosquito adulto. A outra, para combater a larva, é ir de casa em casa tirando água ‘podre’.”
O pesquisador e ex-presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária René Dubois é amigo de Mello e trabalhou com o centenário durante dez anos. “Milton foi considerado um dos maiores microbiologistas das Américas.”
Próximos projetos
Mello afirma que pretende escrever um livro sobre a China. O professor visitou o país pela primeira vez há 30 anos e afirma que ajudou na cooperação científica entre o Brasil e a nação asiática. “Naquela época fui convidado para uma missão médica e acabei trazendo profissionais para cursos no Brasil. Alguns deles vieram ensinar coisas como a acupuntura por aqui”, afirmou.
No livro biográfico "Poste de Cozumel", Mello conta sete fases da sua vida, divididas em família, Exército, veterinária, ciência, ensino, sociedades e vida internacional. A divisão é inspirada nas sete faixas do “poste-de-fita”, como é chamado no Brasil o poste de Cozumel.
Perguntado sobre o segredo da longevidade, Mello diz que existem dois grandes motivos: amigos e hábitos. “O primeiro segredo é manter boas amizades. Sem amigos a gente adoece. O segundo é manter bons hábitos, comer bem, dormir bem, praticar exercícios. Mas desses últimos, eu não pratico nenhum.”
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