sábado, 12 de março de 2016

Adolescente é enterrado sob forte comoção em São Lourenço da Mata


Multidão lotou o cemitério para se despedir do adolescente e pedir justiça / Guga Matos/JC Imagem

Sob muita comoção, aplausos e pedidos de justiça, o corpo do estudante Denilson Antônio Teixeira da Silva, de 13 anos, foi enterrado na tarde desta sexta, no pequeno Cemitério de São Lourenço da Mata, no Grande Recife. O local foi tomado por uma multidão de familiares, amigos e curiosos que queriam se despedir do garoto alegre e cheio de planos que desapareceu na quarta-feira e foi encontrado morto no dia seguinte, com afundamento no crânio, em um riacho nas terras do Engenho Cangaçá. O acusado pelo crime está preso.
Bastante abatida, a mãe do menino, Vânia Maria da Silva, chegou ao cemitério amparada por parentes e não parou de chorar. Amigos da Escola Municipal Cleto Campelo, onde o garoto cursava o nono ano, pareciam atônitos. “Era um menino bom, gostava de brincar, não fazia mal a ninguém. Ele tinha o sonho de ser jogador de futebol e levar a família para um lugar melhor”, revelou Edvânia Ribeiro, 14 anos.
O caixão ficou fechado pelo avançado estado de decomposição do corpo. “Quem perde é que sente a dor”, lamentou o padrasto do garoto, José Alberto da Silva Arruda. “Denilson era muito querido, um menino de 13 anos que tinha todo um futuro pela frente e muito a dar para a sociedade. Aquele homem não tem sentimentos”.
Denilson saiu de casa, no bairro da Muribara, por volta das 14h da quarta-feira. Disse à mãe que iria buscar um uniforme com o treinador de futebol, Luciano Silva do Nascimento, 40. Diante da demora do filho, Vânia ligou para ele três vezes. Nas duas primeiras, ele confirmou que estava com o treinador e já voltaria para casa. Na última, ele chorava e gritava por socorro, segundo a mãe.
Após buscas mal sucedidas, a família procurou a polícia e o conselho tutelar. “Fui até a casa dele, que negou ter marcado com o garoto, estava muito calmo, frio. Ao assinar o relatório, deixou uma marca de sangue no papel e eu entreguei o documento na delegacia”, contou o conselheiro Ademar Feliciano. Procurado pela polícia, Luciano voltou a negar o crime. “Mas as investigações mostraram que ele é culpado. Encontramos uma camisa com sangue e o depoimento teve várias contradições, então ele acabou nos levando até o corpo”, explicou o delegado Luiz Alberto Farias. Luciano – que já cumpriu pena no Mato Grosso por pedofilia – foi autuado por homicídio e ocultação de cadáver. 
“O suspeito recrutava meninos para treinar numa quadra do bairro e na Academia das Cidades, sabia que muitos jovens têm o sonho de ser jogador. Denilson foi abordado na porta da escola e já jogava há uns quatro meses”, contou o advogado Fábio Júnior Alves, amigo da família, que acompanhou as buscas. “Os peritos acreditam que ele foi morto a pauladas”.
A população quer  a retomada das investigações do desaparecimento de outros dois garotos da cidade, há cerca de um ano. Os casos não foram esclarecidos e teme-se que eles também tenham sido alvos do suspeito.Do JC

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