Do JC
A
Polícia Civil encontrou R$ 1,3 milhão em poder do prefeito de Catende,
Otacpilio Cordeiro (PSB), e do filho dele, Ronaldo Cordeiro, secretário
de finanças do município. Do montante, R$ 758,4 mil foram encontrados em
uma gaveta, na casa do gestor e R$ 438,7 mil no posto de gasolina
admnistrado pela nora do prefeito, esposa de Ronaldo. Com o gestor,
também foi encontrada uma barra de ouro estimada em R$ 40 mil. A
Operação Tsunami encontrou diversas fraudes em licitações. O prefeito, o
filho, a nora e outras oito pessoas permanecem detidas. Os detalhes da
operação foram repassados na manhã desta sexta (03).
As fraudes investigadas são de seis
contratos de licitação feitas nos anos de 2011 e 2012. No entanto, os
documentos apreendidos podem indicar outras situações de
irregularidades. As investigações começaram em outubro do ano passado,
através de uma ação da Procuradoria Geral de Justiça, que encaminhou
denúncia ao Tribunal de Justiça (TJPE). Os desvios de verbas são
oriundas de convênios com o governo do Estado e da própria Prefeitura.
De acordo com a delegada Patrícia
Domingos, a nora do prfeito é sócia de um posto de gasolina na cidade,
que venceu todas as licitações da prefeitura. O negócio já pertenceu ao
prefeito. "Esse posto teria ganho licitações onde não teria tido nenhum
concorrente, ou seja, licitações desertas. O ordenador de despesas era o
prefeito, tendo como secretário de finanças o filho dele", disse a
delegada Patrícia Domingos.
A Polícia explicou, ainda, que há alguns
anos, o posto estava arrendado para dois homens, Alberto Soares da
Silva, que ainda constra como sócio, e um homem chamado Florisval, que
faleceu. "Meses após o seu falecimento, Florisval assina a alteração do
contrato, transferindo 50% da sua sociedade para Andreza Pais da Silva, a
nora do prefeito", explicou a delegada. Florisval era caseiro na
fazenda Santo Antônio, de propriedade do prefeito. Inclusive, ele
faleceu de causas naturais na propriedade.
Outro contrato analisado diz repseito a
uma pessoa física que não possui um dos braços e foi contratada para
fazer um forro no teto de escolas. "A própria pessoa afirma que não
prestou esse serviço", disse a delegada. Em outro contrato, foram pagas
palestras sobre ciência e tecnologia a uma mulher que é analfabeta
funcional. "É uma senhora que não consegue diferenciar um mouse de um
teclado. Ela realmente não tem conhecimento nenhum nessa área",
exemplificou a delegada. Outro contrato foi firmado com um armarinho,
que teria ganho uma licitação para fornecimento de cartuchos de
impressoras e alimentos para escolas, mas o estabelecimento não fornece
esse tipo de material.
A Polícia investigou ainda a situação de
uma empresa de eventos, como shows e palestras, que ganhou também a
licitação para realizar a limpeza do açougue público, limpeza municipal e
manutenção de empresas de informática. A empresa possui apenas um
funcionário.
No depoimento, o prefeito se declarou
inocente. "Ele não se diz conhecedor dessas licitações, embora seja o
ordenador de despesas, mas alega que não particiou de nenhuma fraude",
disse Patrícia Domingos. Apenas nos contratos investigados, o prejuízo
chega a R$ 5 milhões. "Todos os investigados tiveram uma evolução
patrimonial totalmente incompatível com sua renda declarada à Receita
Federal. Então, a gente acaba ligando esse crescimento patrimonial aos
valores públicos", acrescentou. Por ser secretário de finanças, Ronaldo
Cordeiro, filho do prefeito, é o responsável pelo empenho e pagamento
desses contratos.
As investigações prosseguem e há outros
contratos que podem ser analisados. A Polícia Civil não descarta a
possibilidade de realizar novas prisões. Os documentos apreendidos
trazem licitações de outros anos da gestão, que também podem indicar
novas fraudes.
Também foram presos Glaucione Melo Lins,
Cícera Silva Gouveia de Melo, Eduardo Silva de Menezes e Renata
Francisco da Silva, todos membros da Comissão de Licitação da Prefeitura
nos anos de 2011 e 2012. Apenas Eduardo não segue no cargo atualmente.
Foram detidos, ainda, os empresários de eventos Frederyco Alexandre
Coelho Figueiredo e Clibson Pergentino de Almeida, acusados de
participações em fraudes nos contratos. A lista de detidos inclui,
ainda, o sócio do posto de gasolina, Alberto Soares da Silva e o
ex-funcionário da Prefeitura de Catende, Ivo José de Santana. O caseiro
da fazenda do prefeito, Jorge Pedro Marcelino, foi preso em flagrante
por porte ilegal de arma.
Os homens detidos foram levados para o
Cotel e as mulheres para Colônia Penal Feminina do Recife. Todos irão
responder por lavagem de dinheiro, peculato, falsificação de documento,
uso de documento falsificado e organização crimimosa. Além do dinheiro,
foram apreendidas sete espingardas, um rifle, dois revólveres, duas
pistolas e 170 munições.
CASA
A casa do prefeito Otacílio Cordeiro, de
dois pavimentos, chamou a atenção dos policiais. "No térreo, nós vimos
uma casa bastante humilde, com mobília simples, sem nenhum tipo luxo. O
prefeito alegou que o primeiro andar era alugado para um 'casal de
velhos', embora a escada de acesso seja dentro da casa. Ao subirmos, nos
deparamos com uma casa extramente bem mobiliada, requintada, com móveis
de alto padrão. Dentro da casa, localizamos diversos porta-retratos com
fotos do prefeito e da esposa, o que nos dá a clara dimensão que a casa
de cima também pertencem ao mesmo", relatou a delegada Patrícia
Domingos.
No andar térreo, ele tinha um escritório
onde recebia eleitores. Também foram localizadas senhas que seriam de
distribuição de dinheiro para a popualçao. A origem das doações seria o
próprio salário.
Sobre o dinheiro, o valor de R$ 758,4
mil foi encontrado dentro de uma gaveta trancada. "Ao abrirmos, nos
deparamos com a quantia. O perefeito disse que não se recordava desse
valor", acrescentou.
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