quinta-feira, 27 de outubro de 2016

A QUEM RECORRER, QUANDO O ESTADO TENTA CONVENCER UM PADRE A ‘ESCONDER’ A VIOLÊNCIA?”

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O desabafo do padre Arlindo, de Tamandaré, sobre a proposta que recebeu da Polícia Militar ao pedir reforço no combate à violência naquele município do Litoral Sul, foi motivo de pronunciamento do deputado estadual Álvaro Porto nesta quarta-feira (26.10) na Assembleia Legislativa. Segundo declarações do pároco, viralizadas num áudio gravado no WhatsApp, coronéis a quem ele recorreu tentaram lhe convencer a se calar para não alarmar veranistas. Para o deputado, a atitude dos representantes da PM revela um aspecto que só agrava o fracasso da política de segurança pública em Pernambuco.
“Senhoras e senhores, para quem devemos apelar quando quem deveria garantir segurança tenta convencer um padre a mentir? A quem recorrer quando a ordem no Estado é fantasiar que está tudo bem, enquanto moradores e veranistas são vítimas de bandidos?”, questionou Porto. “Se não chegamos ao fundo do poço, não sabemos mais onde iremos parar com esse tipo de segurança que prefere esconder fatos e enganar o povo”, completou.
Na última segunda-feira (24.10), Álvaro Porto conversou com o padre Arlindo. O pároco reafirmou tudo que disse na gravação e autorizou o deputado a apresentar suas denúncias no plenário. O religioso destacou que, como representante da comunidade, ouve as queixas da população e se indigna com o descuido do Governo com a segurança. Segundo ele, para prestar Boletim de Ocorrência, é preciso à Delegacia em Palmares, porque a de Tamandaré não funciona. Salientou também que o município, de 22 mil habitantes, conta com apenas dois policiais.
Desde 2015, Porto vem apontando falhas, cobrando melhores condições de trabalho para os policiais e se colocando à disposição para debater o tema e buscar soluções com o Governo. No discurso desta quarta-feira ele salientou ser inevitável tornar-se repetitivo. “Não dá para assistir a tudo isso sem voltar aqui e protestar. É impossível continuar levando a vida como se nada tivesse acontecendo. Como se tudo o que é denunciado e cobrado aqui fosse questão de política ou de partidarização. Não é. Jamais foi. O que fazemos aqui, oposicionistas e governistas, é dar voz à angústia da população que há tempos está apavorada com tanta insegurança”, disse.
Em mais um balanço dos fatos, o deputado disse que o Estado dá mostras de não conseguir controlar a segurança nas ruas, nos presídios e mesmo nas instituições de amparo a infratores. Ele citou os novos de casos de explosões de caixas eletrônicos em Santa Cruz do Capibaribe e no Shopping Costa Dourada, no Cabo de Santo Agostinho; os homicídios em série em Bezerros, os assassinatos registrados no estacionamento da fábrica Tacaruna e no Pátio de São Pedro, no Recife; e a rebelião que resultou em quatro mortes na Funase de Timbaúba, na Mata Norte. “Enquanto isso, nas delegacias, os policiais fazem cota para comprar papel, tinta e até água para beber”, disse.
Na avaliação do deputado, enquanto os crimes vão se sucedendo, as condições de trabalho dos policiais pioram, a população se sente vulnerável e o Governo do Estado permanece preso numa rede de equívocos. “Esconder fatos, minimizar denúncias e reduzir críticas à politização ou à questão partidária não resolverá o problema”, criticou.
Álvaro Porto aproveitou pronunciamento para parabenizar o Padre Arlindo pela coragem de não fugir ao seu papel de líder de paróquia e, principalmente, por se recusar a comungar com a mentira.  “É por conta de maquiagens como esta denunciada pelo padre que Pernambuco chegou a esse estágio de total desesperança e terror”, salientou.
Ele também atacou a resposta encaminhada à imprensa pela Assessoria de Comunicação da Polícia Militar. Para ele, o conteúdo reafirma a omissão do Governo diante episódios que deveriam ser apurados e esclarecidos. “O Palácio do Campo das Princesas se ateve a outros temas tratados pelo padre e ignorou a denúncia. Como sempre, o Governo joga fatos sérios para debaixo do tapete. Foi assim quando o secretario de Justiça e Direitos Humanos confessou que conversava com presos por celular, está sendo assim agora”, arrematou. Agreste Violento

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