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Os integrantes da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), em decisão unânime, nesta segunda-feira (15), aumentaram as penas de prisão dos “Canibais de Garanhuns”. A mudança é referente à condenação dos três, no mês de novembro de 2014, pelo assassinato, ocultação e vilipêndio do cadáver da adolescente Jéssica Camila da Silva Pereira, de 17 anos. O crime ocorreu em 2008, em Olinda.
O aumento no tempo de prisão atendeu ao pedido do Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Na manhã desta quinta-feira (11), a promotora de Justiça Eliane Gaia concederá uma entrevista coletiva sobre o caso.
Jorge Beltrão Negromonte da Silveira havia sido condenado a 21 anos e seis meses de reclusão por homicídio qualificado e ocultação de cadáver, além de um ano e seis meses de detenção por vilipêndio. Agora, terá que cumprir 27 anos de prisão e um ano e meio de detenção. Isabel Cristina Torreão Pires e Bruna Cristina Oliveira da Silva haviam sido condenadas, cada uma, a 19 anos de prisão e um de detenção pelos mesmos crimes de Jorge. Com o aumento, penas passam para 24 anos de prisão e um de detenção.
Os Canibais de Garanhuns
De acordo com o promotor André Rabelo, o trio criou uma seita onde um dos objetivos era o controle da natalidade. Eles procurariam mulheres vulneráveis, em busca de amparo, que tinham filhos de pais diferentes e estavam solteiras. Teriam de ser quatro vítimas ao ano.
Segundo a promotoria, o trio acreditava que consumir carne humana era um ritual de purificação para eles e para as vítimas. Mãos e pés das vítimas eram amputados porque concentrariam impurezas. "Tenho 25 anos de Ministério Público e 10 de advocacia. Nunca tinha visto uma situação macabra como essa. O que é pior? Tudo na presença de uma garotinha, filha de uma moça assassinada por eles".
O assassinato de Jéssica Camila, em 2008, foi quadruplamente qualificado: motivo fútil, dificuldade de defesa da vítima, meio cruel, ocultação de cadáver e subtração de menor. De acordo com a investigação policial, Jéssica foi imobilizada no banheiro da casa, e em seguida levou um corte de faca na jugular. Todo o seu sangue foi retirado com a ajuda de um garrote. Depois, seu corpo foi esquartejado e a pele retirada. A carne foi fatiada e guardada na geladeira. No dia seguinte, foi ingerida grelhada, depois de temperada com sal e cominho. A criança também comeu da carne da mãe. O resto foi enterrado em forma de cruz no quintal.
Em 15 de dezembro de 2015, o trio foi sentenciado por duplo homicídio qualificado pela morte de mais duas mulheres, ocorridas no ano de 2012. O juiz Ernesto Bezerra condenou Jorge Beltrão Negromonte da Silveira a 71 anos de reclusão, Isabel Cristina Pires da Silveira a 68 anos e Bruna Cristina Oliveira da Silva a 71 anos e 10 meses.
O trio foi julgado pelos assassinatos de Gisele Helena Falcão, de 31 anos e Alexandra da Silva Falcão, de 20 anos, ocorridos em fevereiro e março de 2012, respectivamente, no município de Garanhuns, Agreste do Estado. Eles foram condenados por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de crueldade, impossível defesa da vítima), ocultação e vilipêndio de cadáver. Jorge e Bruna também foram condenados por estelionato e apenas Bruna, por falsa identidade, o que fez com que a sua pena fosse a maior.
Segundo a denúncia do MPPE, em 25 de fevereiro de 2012, por volta das 15h, na residência dos acusados, na Rua Emboabas, em Jardim Petrópolis, Garanhuns, Gisele teria sido assassinada com uma faca. De acordo com os autos, a vítima foi atraída para o local por Isabel, sob o pretexto de ouvir conselhos e falar da “Palavra de Deus”. No local, teria conversado com Bruna e quando estava de costas foi atingida por um golpe de faca na garganta desferido por Jorge Negromonte, vindo a óbito, segundo narrado pelo Ministério. A vítima teria sido arrastada para o banheiro onde foi esquartejada por Jorge e Bruna, diz a denúncia. Partes dos corpos teriam sido armazenadas para o consumo dos três acusados. Ainda de acordo com a denúncia, o restante do corpo foi enterrado no quintal da residência em um buraco previamente aberto por Jorge com esse intuito. Eles teriam subtraído os pertences da vítima, dentre os quais carteira de trabalho, CPF e cartões de crédito, utilizados para realização de compras no comércio local.
O assassinato da outra vítima, Alexandra da Silva Falcão, de acordo com a denúncia do MPPE, ocorreu no dia 12 de março de 2012, também na residência dos acusados. Alexandra teria sido chamada por Bruna para trabalhar como babá de uma criança que ela apresentaria como filha, enquanto Isabel teria ficado à espreita para garantir a execução do plano. De acordo com os autos, na residência dos réus, enquanto conversava com Bruna, a vítima foi atingida também por um golpe de faca na garganta desferido por Jorge, por meio do qual faleceu. Segundo os autos, em seguida, a mulher foi arrastada para o banheiro, onde foi esquartejada por Jorge e Bruna. Parte dos restos mortais teria sido consumida pelos três e o que sobrou do corpo foi enterrado também numa cova que teria sido feita por Jorge no quintal da sua residência.
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