Vídeos feitos no momento em que o senador licenciado Cid Gomes (PDT) foi atingido por dois tiros mostram, pelo menos, três homens com armas disparando contra a retroescavadeira que o político conduzia. O caso aconteceu na entrada do 3º Batalhão da Polícia Militar de Sobral, no Ceará, na tarde desta quarta-feira (19), enquanto homens mascarados ocupavam o quartel.
O trator onde Cid estava, com o qual tentava derrubar o portão do local, teve os vidros estilhaçados pelos disparos de tiros e por pedras. Ele foi socorrido em seguida.
Em um dos vídeos é possível identificar dois homens próximo à grade do quartel empunhando armas. Outra imagem revela um homem com um capacete disparando em direção ao veículo de Cid Gomes.
O político foi baleado durante um ato de grupo de policiais reivindicando aumento salarial. Movimento é registrado no Ceará desde a noite de terça-feira (18), na Capital e em cidades do Interior.
De volta a 2012
Cid Gomes é um dos líderes políticos de destaque na história do Ceará. Seus governos têm números expressivos, e a atuação política dele registra atos polêmicos, alguns dos quais, pelo temperamento, por vezes, explosivo e intempestivo. O fato de ontem nos remete aos ocorridos em janeiro de 2012 quando, sob governo dele, um movimento de policiais militares levou terror às ruas e submeteu Cid a, talvez, o seu principal revés. É possível que isso tenha tido alguma influência no episódio de ontem, de lado a lado.
Sem meio-termo
A situação, que já inspirava preocupação para a sociedade, atingiu, precocemente, um ápice, após o qual não há meio-termo. Ou o movimento é desfeito com o rigor da lei e das forças de segurança que atuam na legalidade ou o risco de perda do controle é real. Os atiradores precisam ser identificados e punidos também com o rigor da legalidade.
Juramento
Os policiais militares do Ceará, que compõem uma corporação de 20 mil homens e mulheres com histórico de serviços prestados, não podem esperar que a sociedade apoie um movimento ilegal que usa viaturas para amedrontar pessoas e ordenar o fechamento de estabelecimentos, prejudicando empresários e trabalhadores e atuando contrariamente ao juramento que fizeram em sua posse.
Novo diálogo
É fato que as lideranças da categoria perderam a condição de representação. Foram à mesa de negociação, fizeram um acordo. A recusa da categoria mostra que a situação ficou insustentável. Só uma nova representação pode atuar para tentar retomar um diálogo que é urgente para que a situação se resolva.
Diário do Nordeste
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