quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Pacientes do Hospital Otávio de Freitas sofrem com superlotação e problemas de infraestrutura

Hospital Otávio de Freitas tem problemas de infraestrutura — Foto: Reprodução/TV Globo
Hospital Otávio de Freitas tem problemas de infraestrutura — Foto: Reprodução/TV Globo

A superlotação e a falta de leitos são constantes na rotina de pacientes e acompanhantes que precisam de atendimento no Hospital Otávio de Freitas, Em Tejipió, na Zona Oeste do Recife. A unidade de saúde é referência para o tratamento de doenças respiratórias, traumato-ortopedia, clínica médica, urologia, cirurgia geral e pediatria .
Ao todo, há 600 leitos no hospital, que não dão conta dos pacientes que chegam todos os dias. Além disso, as instalações estão precárias, com lençóis usados de forma improvisada como porta e infiltrações, paredes mofadas e descascando. Na estrutura, ferros estão à mostra e muito enferrujados.
Na ala da enfermaria de pneumologia, pacientes ficam expostos à luz do sol, que entra pela janela. No local, não há ar-condicionado nem ventilador. Gatos dormem perto do local e, quem pode, acaba tendo que levar o próprio ventilador de casa para não passar calor.Do lado de fora, nos fundos hospital, tem até um varal para estender as roupas de pacientes e acompanhantes. Na enfermaria, faltam vidros na janela e a pia que as enfermeiras usam pra lavar as mãos está quebrada. Elas acabam higienizando as mãos em um balde, fica embaixo da torneira.
Hospital Otávio de Freitas tem problemas de infraestrutura — Foto: Reprodução/TV Globo
Foto: Reprodução/TV Globo
Nos banheiros, as pias estão em péssimas condições e o chão, encharcado, oferece perigo, pois pode provocar quedas. Onde fica a privada, falta descarga e tampa. Além disso, os pacientes têm que subir em cadeiras de plástico para abrir e fechar o chuveiro.
"Médico, tem. Os pacientes são bem atendidos, não posso me queixar disso, as enfermeiras são bem atenciosas, mas está faltando medicamentos. Eles não podem trabalhar numa situação dessa", disse uma paciente, que preferiu não ser identificada.Na emergência, os corredores estão lotados. Macas servem de leito e, se falta espaço para os pacientes, para os acompanhantes, a situação é ainda pior.
Outra paciente, que não se identificou, contou que está no hospital há duas semanas, nessas condições, esperando por uma cirurgia. "A previsão é de me operar hoje, amanhã, e nada. Vou me operar de pedra nos rins", disse.
Outra mulher, que acompanhava o sogro, disse que o paciente já está ficando anêmico, devido à perda de sangue. "Faz oito dias hoje que ele está aqui, só perdendo sangue. A gente fica aqui à mercê de um bom médico, que vem pra dizer alguma coisa pra resolver. Ele tem 85 anos, numa maca dessa, sofrendo, porque isso é um sofrimento", declarou.
Uma mulher que tem câncer aguarda transferência para um hospital especializado, segundo a filha, mesmo depois de ter feito uma biópsia.
"Já faz 15 dias hoje que fez biópsia, que já sabe que o tumor dela é maligno e aqui não trata, mas a gente está no aguardo para ser transferido ainda. Enquanto isso, o tumor está crescendo. Ela estava com trombose só uma perna, agora, tem nas duas e está pior do que entrou", declarou.

Resposta

Por meio de nota, a direção do Otávio de Freitas informou que “trabalha constantemente para fazer reparos e oferecer mais conforto aos pacientes e acompanhantes”. A unidade disse, ainda, que, nos últimos dias, foi iniciado um trabalho de manutenção no setor de pneumologia e em outras enfermarias.
Ainda segundo a nota, as portas quebradas já foram repostas. A direção do hospital também afirmou que está fazendo um levantamento de custos para a pintura e correção de infiltrações em todas as áreas.
A direção afirma que “todos os pacientes são acomodados em macas tradicionais e que as equipes trabalham para dar maior rapidez a exames e procedimentos, liberando leitos pra novos pacientes”
Sobre os animais na área da unidade, o estado disse que “é feito um trabalho permanente para diminuir a presença de animais, como gatos, na área do hospital”.
A direção informou que, no fim de janeiro, algumas áreas do hospital foram dedetizadas e que novas ações estão programadas para os próximos dias.

Perfil

A direção do Otávio de Freitas estima que sejam feitos, por mês, 2.300 atendimentos nas emergências. Nos ambulatórios, são 8 mil consultas mensais. A unidade realiza, mensalmente, 1.500 cirurgias, entre procedimentos de emergência e cirurgias eletivas.

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