Foto: Aldo Carneiro/Pernambuco Press |
Foi na década de 1970 que a sombrinha de frevo virou um ícone de Pernambuco e do seu carnaval. Mas o que muita gente pode não ter se dado conta é de que não existe produção industrial do acessório no Estado
Houve anos atrás, mas nada que chegue perto da atual demanda: via Porto de Suape, entraram em Pernambuco, em 2019, 305.076 sombrinhas de frevo. Somadas às 34.320 que chegaram ao estado a partir de outros terminais, chega-se ao quantitativo de 339.396 unidades da alegoria mais emblemática do carnaval pernambucano. Todas vindas da China.Única fabricante de sobrinhas de frevo em Pernambuco a adentrar o século 21 em produção, a Leite Bastos iniciou suas atividades em 1872, mas, no início dos anos 2000, a competitividade com os chineses a fez fechar as portas. Desde então, a confecção local é apenas artesanal e isolada.
Foto: Bruno Campos/Arquivo PCR Imagem |
Segundo a Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), uma sombrinha tradicional entra no mercado pernambucano por R$ 3, já incluindo uma carga tributária de 64%. Já o valor da sombrinha de frevo não é possível mensurar: por estar inclusa em classificação aduaneira de material de festa, ela faz parte de um conjunto que inclui máscaras de carnaval, perucas e artigos natalinos.
Nesta classificação, incide uma carga tributária de 93% (composta pelo Imposto sobre Produtos Importados, IPI, pelo PIS/Cofins e pelo Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, o ICMS) em cima do valor aduaneiro (soma de produto e frete). Para o consumidor final, a sombrinha de frevo custa entre R$ 4,50 e R$ 5, no comércio popular do Centro do Recife."Não existe qualquer tipo de isenção de impostos para produtos chineses no Brasil", comenta o analista de Negócios Internacionais da Fiepe, Rafael Araújo. "Fica muito disperso e muito difícil determinar de onde está saindo essa demanda por sombrinhas, se de empresas de outros estados ou daqui de Pernambuco mesmo".
Os números mostram que as festas em Pernambuco, não apenas o carnaval, dependem muito da indústria chinesa. Em 2019, os produtos inclusos em "materiais de festa" no mercado pernambucano tiveram 100% de participação da China. "O índice nacional é de 78%", completa o analista da Fiepe.
Em 2012, ano de recorde, dos US$ 954 mil resultantes de importações em Pernambuco, US$ 930 mil foram de produtos chineses. No Brasil, no mesmo ano, o valor de importações oriundas da China foi de US$ 723 mil. G1PE
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