domingo, 9 de agosto de 2020

Pais são presos suspeitos de estuprarem os oito filhos ao longo dos últimos 20 anos

Caso está sendo investigado pela 2ª Delegacia de Crimes Contra a Criança e Adolescente e Atos Infracionais, de Jaboatão dos Guararapes. (Foto: Diogo Cavalcante/DP.)
Caso está sendo investigado pela 2ª Delegacia de Crimes Contra a Criança e Adolescente e Atos Infracionais, de Jaboatão dos Guararapes. (Foto: Diogo Cavalcante/DP.)

 Um ciclo de abusos, silêncio e traumas. Era assim a vida de uma família de Jaboatão dos Guararapes até a última segunda-feira (3), quando o patriarca e matriarca foram presos pela Polícia Civil. O pai, pedreiro de 45 anos, é acusado de estuprar os próprios filhos, netos e sobrinhos nos últimos 20 anos, quando cada um deles eram crianças/adolescentes - seriam 12 vítimas, ao todo. A mãe, dona de casa de 44 anos, apontada como cúmplice, por acobertar e desencorajar qualquer tipo de denúncia.


O caso foi revelado nesta sexta-feira (7), em coletiva de imprensa com a delegada Vilaneida Aguiar, da 2a Delegacia de Crimes Contra a Criança e Adolescente e Atos Infracionais (DPCCAI). “Era a casa dos horrores. Um ciclo de crimes horrendos que aconteciam”, analisa. A história toda começou a ser desvendada quando três filhas, maiores de idade, procuraram a polícia no dia 21 de julho, revelando o que passaram quando menores.

“As mulheres resolveram denunciar o caso porque estavam muito preocupadas, porque eles residiam ainda com outros filhos em casa. Elas contaram que foram abusadas quando eram crianças e adolescentes. O pai drogava, ameaçava, batia para continuar praticando esses atos hediondos e a mãe encobria, dizia que todos iam passar fome, não tinha para onde ir, que os filhos tinham que negar quando alguém perguntasse”, conta Vilaneida. 

O casal teve oito filhos, ao todo. As três filhas que denunciaram já não moravam sob o mesmo teto. O ciclo de abusos teria sido interrompido tão logo cada uma delas foram se casando e indo viver a própria vida. Da mesma forma, um outro filho adulto já tinha saído de casa. Sob o mesmo teto, ainda, residiam duas crianças - de 8 e 9 -, uma adolescente de 17 e um jovem cadeirante de 19.

“Ele usava o artifício de dopar e algumas vítimas não se lembram nem do que fizeram. Ele praticamente abusou de todos os filhos quando eram pequenos. E há suspeita de que ele continuasse abusando quem morava em casa”, prossegue. Até o momento, os indícios mais concretos são de seis filhos. As crianças pequenas passarão por exame sexológico.

A filha mais velha, de 24 anos, recorda de abusos desde o cinco anos de idade. Já outra, também adulta, acredita que o pai colocava substâncias na comida de casa. “Ela suspeita disso, de que era dopada na refeição. Quando ainda morava na mesma casa, ela parou de comer e, assim, pararam os abusos”, acrescenta. 

“Uma das filhas já viu o pai se esfregando no filho cadeirante. E outra teria escutado o desabafo dele de que teria sido abusado sexualmente. No entanto, ainda não conseguimos pegar o depoimento dele porque o rapaz está profundamente abalado, nervoso com a prisão dos pais”, acrescenta.

Além dos oito filhos, estão sendo investigados abusos praticados contra dois netos - de 2 e 3 anos - e duas sobrinhas. O pai, quando desconfiou que seria preso, fugiu de casa, mas foi localizado e preso. Já a mãe, com medo de ser linchada pela vizinhança, foi acolhida por uma das filhas maiores, junto com as duas crianças, a adolescente e o cadeirante. 

O pai e a mãe foram indiciados por estupro, estupro de vulnerável e concurso para o crime. Ele  foi encaminhado para o Centro de Triagem (Cotel) de Abreu e Lima, ela para Colônia Penal do Bom Pastor, na Iputinga, Zona Oeste do Recife. “Cada um responde na medida de sua participação. A mãe também é culpada, pois o crime que praticamente acontece há 20 anos no seio familiar e ela encobria. Não há justificativa alguma para eliminá-la de responder por esses crimes”, pontua a delegada. Diário de PE

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