(Foto: Tarciso Augusto/Esp. DP.) |
Uma briga entre dois servidores da segurança pública de Pernambuco resultou em tragédia na noite desse sábado (5), em um bar de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. O policial penal Ricardo de Queiroz Costa, 40 anos, e o major da PM José Dinamérico Barbosa da Silva Filho, 48, trocaram tiros após uma discussão. Cinco pessoas ficaram feridas e duas morreram. Ricardo e Dinamérico foram autuados em flagrante por homicídio e tentativa de homicídio, mas ambos permanecem internados em hospitais da capital pernambucana.
O caso aconteceu por volta das 18h30 na Banca do Primo, localizada na Rua Professor José Brandão. Segundo apurado pela reportagem com as polícias Civil e Militar, além de outras fontes, Ricardo chegou ao local acompanhado do filho, da esposa e de sua irmã. Posteriormente, Dinamérico chegou acompanhando de dois sobrinhos e dois amigos - um deles o policial militar Diogo Francisco Vieira dos Santos.
Em dado momento, Dinamérico e Ricardo iniciaram uma discussão. Ambos teriam puxado a arma e começado a trocar tiros, mesmo estando em um local público e movimentado. Ficaram feridos George Mauro de Carvalho Vasconcelos, 70; Eduardo Bernardo Pereira Gomes Insfran, 55; e Eva Valéria Alves do Nascimento, 55. No momento do tiroteio, um homem identificado como Renato Távora Machado, 34, que passava de carro pela rua com a família teve a lataria do veículo atingida por uma das balas
A briga também resultou em duas mortes. O corretor de imóveis Ekel de Castro Pires, 64, foi atingido e morreu no local. Já o empresário Claudio Bandeira de Melo Sobrinho, 57, chegou a ser socorrido e levado para o Hospital da Restauração (HR), no Derby, área central do Recife, mas não resistiu e faleceu ainda no sábado.
Amigo de Claudio, o engenheiro Roberto Carvalho foi uma das últimas pessoas a verem ele com vida. “Era uma pessoa super descontraída, do bem. Filho de uma família tradicional, teve dois bisavôs governadores. Um cara absolutamente amável e pacífico. Qualquer pessoa podia morrer de bala perdida, menos ele. Eu tinha ido para a academia nesse sábado e, quando estava voltando para casa, quando passei na banca, vi que ele estava bebendo com amigos e tomei uma cerveja com ele”, conta.
“Em dado momento, deixei o bar porque precisava voltar para minha casa. Fiz algumas coisas e voltei para o estabelecimento, para pagar minha cerveja. Percebi um clima estranho, as pessoas estavam muito alcoolizadas no local. Paguei minha conta e saí. Não deu nem dez minutos, recebi uma ligação informando que meu amigo tinha morrido. Uma tragédia lamentável”, acrescenta Roberto, que conviva com Claudio desde o final da década de 80. O corpo do empresário foi velado na tarde deste domingo, no Cemitério Morada da Paz, em Paulista. O sepultamento ocorreu por volta das 17h.
Socorro
Assim como Claudio, George Mauro de Carvalho Vasconcelos foi levado para o HR. Ele foi baleado no olho. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), ele passou por cirurgia no sábado e está na sala de recuperação do hospital, aguardando nova evolução. Seu estado é considerado grave e não há previsão de alta.
Foto: Reprodução/WhatsApp. |
Eduardo Bernardo Pereira Gomes Insfran e Eva Valéria Alves do Nascimento foram socorridos e encaminhados para o Hospital Português, no Paissandu. A assessoria da unidade médica não divulgou o estado de saúde de ambos. Mas segundo apurado pela reportagem, Eva passou por uma cirurgia e Eduardo permanece em estado estável.
Os responsáveis pelos tiros, segundo a polícia, também estão internados. O major da PM José Dinamérico Barbosa da Silva Filho está no Hospital Português e o policial penal Ricardo de Queiroz Costa no Hospital Santa Joana. As duas unidades não comentaram o estado de saúde deles.
Mas no caso de Ricardo, seu advogado de defesa, Eduardo Morais, explica que ele precisou passar por três cirurgias e permanece internado na UTI. “Ele teve fratura exposta no joelho e um dos tiros acabou atingindo o intestino dele. O que aconteceu foi uma lamentável tragédia envolvendo dois profissionais de segurança pública e que resultou na morte de outras pessoas”, lamenta.
Oficialmente, a Polícia Civil não confirma a motivação da briga nem quem puxou primeiro o gatilho. O advogado de Ricardo sustenta que foi o major Dinamérico quem começou a história. Ele teria dado em cima da esposa de Ricardo, com olhares. “Houve discussão, o major mandou o Ricardo tomar naquele canto, se levantou e começou a atirar. Ricardo levou um tiro no abdômen e revidou à agressão”, afirma.
Na ocorrência, foram apreendidas as armas que estavam com os homens. Uma pistola 9mm e 12 munições, pertencentes a José Dinamérico, e uma pistola .40, com cinco munições, do Ricardo. Ainda, foi apreendida uma terceira arma, .380, pertencente ao PM Diogo, que estava no momento da ocorrência.
O Diario não conseguiu entrar em contato com a família ou representante legal do major.
O Diario não conseguiu entrar em contato com a família ou representante legal do major.
Histórico
O major Dinamérico estava emprestado pela PM ao Tribunal de Justiça de Pernambuco. Em seu histórico na corporação, consta uma punição expedida em fevereiro de 2017 pela Secretaria de Defesa Social (SDS). Na ocasião, ele foi punido com 30 dias de prisão após uma apuração da Corregedoria entender que ele empurrou um oficial superior durante uma festa de confraternização, em um bar do Espinheiro em março de 2013.
Em nota oficial, a SDS informa que “estão sendo adotadas todas providências cabíveis, nas esferas criminal e administrativa, acerca da ocorrência envolvendo servidores da segurança pública” e que “estão sob custódia Polícia Militar e, tão logo tenham condições de saúde, prestarão depoimento à Polícia Civil”. As autoridades estão coletando elementos de prova como testemunhas, imagens e perícias criminais para ajudar nas investigações.
“Por serem servidores públicos, os envolvidos responderão a Processo Administrativo Disciplinar, conduzido pela Corregedoria Geral da SDS. As corporações às quais eles pertencem, a Polícia Militar e a Secretaria Executiva de Ressocialização, também instauraram sindicância para apurar possíveis infrações administrativas”, acrescenta a pasta.
“A Segurança Pública, assim como os demais órgãos que integram o Pacto pela Vida, lamentam profundamente que servidores públicos cuja missão é proteger a sociedade possam estar envolvidos em um fato tão trágico para as vítimas fatais, feridos e demais presentes no momento da ocorrência. Não apenas nos solidarizamos com os familiares, amigos e entes queridos, como reiteramos o empenho e a seriedade das Forças de Segurança, atuando de forma integrada, na investigação dos fatos e responsabilização dos envolvidos, tanto no âmbito criminal como no administrativo disciplinar”, conclui a nota da SDS. Diário de PE
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