Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil |
O primeiro dia do pagamento do Auxílio Brasil, que substitui o Bolsa Família, foi marcado por desinformação e confusão em agências da Caixa Econômica Federal. Sem saber se seriam contempladas, ou não, muitas pessoas tentavam conseguir esclarecimentos sobre o novo benefício. Diante da falta de informação, antigos beneficiários do Bolsa Família, por exemplo, temiam ficar sem recursos para sobreviver. Com o desemprego elevado e a inflação que aumentou o preço dos alimentos básicos, parte expressiva da população chega a até passar fome.
Em muitas cidades, como Rio, São Paulo e Fortaleza, houve aglomeração diante das unidades da Caixa. Em Brasília, nas agências visitadas pela reportagem, ninguém passou a noite na fila. As pessoas começaram a chegar depois das 6h, duas horas antes de as agências abrirem, mas as filas começaram a diminuir perto da hora do almoço.
A manicure Zilda Maria de Jesus, 43 anos, contou que recebia do Bolsa benefício de R$ 100 para mães que são chefes de família. "Eu vim buscar informações sobre a possibilidade de receber o auxílio. Estou trabalhando como manicure, mas, como não é carteira assinada, não é algo certo e não tem sido suficiente para sustentar meus filhos. Na situação em que estou, preciso de ajuda", contou.
Zilda tem dois filhos, um de 14 anos e outro de 12, e, como eles ainda não podem trabalhar, a manicure sustenta a casa sozinha. "Se conseguir o auxílio, eu vou pagar contas atrasadas, mas não sei se será o suficiente, já que o valor é baixo. Tudo está muito caro, não tem mais como viver bem hoje em dia. Se hoje eu sair daqui sem auxílio, não sei o que vou fazer", disse.
Neste mês, o benefício médio do Auxílio Brasil é de R$ 218,18. O governo havia prometido R$ 400, mas condiciona esse valor à aprovação da PEC dos Precatórios, em discussão no Congresso. Se a PEC passar ainda este mês, os R$ 400 poderão ser pagos em dezembro.
O motorista de aplicativo Maurício Nunes, 45, estava aguardando na fila, para obter mais informações sobre o auxílio. "Eu preciso saber se tenho direito, não consegui achar informação em lugar nenhum. Eu recebia auxílio emergencial, pois, quando fiquei desempregado, o Auxílio Desemprego me ajudou por apenas três meses. Depois disso eu tentei sobreviver com meu filho de 9 anos e minha esposa, que é dona de casa, com o auxílio emergencial", comentou.
Nunes relatou que está desempregado desde agosto de 2019 e que, antes da pandemia, trabalhava como vendedor em uma loja de instrumentos. "A loja faliu e eu fiquei sem saber o que fazer. Quase fui despejado da casa que eu alugava, mas com a ajuda do meu cunhado, que me emprestou o carro, conseguir sobreviver neste tempo. Agora, com a alta da gasolina, tudo piorou, e eu preciso muito desse Auxílio Brasil", observou.
A economista Catharina Sacerdote afirmou que essas reações ocorrem porque a transição do Bolsa Família para o Auxílio Brasil foi abrupta e com critérios vagos e incertos. "Não vi uma campanha, um anúncio e esclarecimento. Acredito que quem tem pouco acesso a alguns veículos de mídia, mal entende que um programa foi substituído por outro."Diário de PE
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