domingo, 9 de julho de 2023

'Prédios-caixão': por que tantos edifícios desabam no Grande Recife


260 prédios foram classificados como risco "muito alto" de desabar no Grande Recife — Foto: Carlos Ezequiel Vannoni/EPA-EFE/REX/Shutterstock via BBC 

No início da manhã de sexta-feira (7/7), um edifício de três andares desmoronou no bairro do Janga, em Paulista (PE).

Segundo o Corpo de Bombeiros, até a manhã de sábado (8/7), 11 pessoas foram encontradas mortas, três foram resgatadas com vida, e três estavam desaparecidas.

Segundo a prefeitura, “o imóvel estava interditado desde o ano de 2010 e foi reocupado por grupos de sem-teto”.

Em abril, um prédio desabou na cidade vizinha de Olinda, deixando 6 pessoas mortas.

Há muito em comum entre as duas tragédias: os dois prédios eram do tipo “caixão” e estavam interditados por riscos de desabamento. E ambos foram ocupados por pessoas que, sem ter onde morar, viviam sob risco constante.

Os prédios do tipo caixão são edificações em que, pela definição técnica, usam “alvenaria resistente na função estrutural”, em vez de concreto armado — ou seja, em que as próprias paredes sustentam a estrutura, sem o uso de vigas ou pilares.

O termo caixão é uma referência ao formato de caixa desses edifícios, segundo o engenheiro Carlos Wellington Pires, gerente do Laboratório de Tecnologia Habitacional do Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep).

Na Região Metropolitana do Recife, esse estilo de edificação começou a ser bastante popular a partir da década de 1970, devido à redução de tempo e custo para a construção.

Nos anos 1990, começaram a ruir os primeiros edifícios. Ao menos 17 já desabaram, segundo o engenheiro Carlos Wellington Pires, que monitora a situação há décadas.

Desde 2005, esse tipo de construção foi proibido nas cidades do Grande Recife.

Um mapeamento feito pelo Itep identificou cerca de 5,3 mil prédios construídos dessa forma na região, principalmente nas cidades de Recife, Jaboatão dos Guararapes, Olinda e Paulista.

Desses, cerca de mil foram classificados com risco “alto” de desabar e 260 com risco “muito alto”.G1 PE

Nenhum comentário:

Postar um comentário