O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demitiu ontem o diretor adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alessandro Moretti. A dispensa ocorreu um dia após a operação da Polícia Federal que fez buscas em endereços do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho de Jair Bolsonaro. Moretti é muito ligado ao ex-presidente. Diligências da PF indicaram que tanto ele como outros integrantes da cúpula da Abin dificultaram as apurações e estariam agindo em conluio com servidores investigados.
O Estadão apurou que o novo diretor adjunto será Marco Cepik, diretor da Escola de Inteligência da Abin, responsável pela formação, capacitação e aperfeiçoamento dos profissionais da agência.
RELATÓRIO SOBRE GESTÃO
No relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal que serviu de base para a Operação Vigilância Aproximada, a PF diz que Moretti, ainda no governo Bolsonaro, se reuniu com servidores e afirmou que a investigação sobre "Abin paralela" tinha "fundo político e iria passar".
CÚPULA DA ABIN
Com sua saída, é cada vez mais forte a pressão para que Lula demita toda a cúpula da Abin e reformule radicalmente a instituição. Nos bastidores, ministros do STF cobram do presidente a substituição do diretor da agência, Luiz Fernando Corrêa. Os magistrados dizem não ver explicação para o fato de Corrêa ter escalado Moretti, conhecido por suas ligações com Bolsonaro, para ser seu braço direito na Abin. Dois desses ministros fizeram chegar ao Palácio do Planalto a avaliação de que Corrêa tem "responsabilidade política".
Movimento semelhante ocorre também no Congresso. "É uma situação política grave", admitiu o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). "A Abin deve passar por uma profunda reformulação e deixar de ser polícia política, que fica bisbilhotando adversários. Do jeito que está, a agência virou um SNI secreto", emendou o deputado, numa referência ao Serviço Nacional de Informações, que funcionou na época da ditadura militar. Jornal do Comércio
Nenhum comentário:
Postar um comentário